Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Aborto e o falso amor materno de um ventre ocupado

COLUNA | Aborto e o falso amor materno de um ventre ocupado

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Maternidade para mulher é abster-se da sua própria vida.

Paternidade para o homem é poder abster-se da sua própria paternidade.

Com essa frase quero trazer uma reflexão séria sobre a temática do aborto que inundou as manchetes do Brasil e do mundo nessa semana.

Eu fui por muitos anos, e por razões religiosas, contra a legalização do aborto. E por isso, quero afirmar categoricamente qual foi meu erro e, porque mudei de ideia.

Um ventre ocupado não significa maternidade ou paternidade. O amor ao filho depende de uma relação parental, que é uma construção. Para homens, esse sentido é aceito e até diminuído. Homens sem qualquer intimidade com os filhos mantêm o título de pais por muitos e muitos anos.

Para mulheres, o ventre ocupado parece ser suficiente para determinar a relação de amor mãe e filho. Por isso, as pessoas pró-vida não aceitam o aborto e até a entrega da criança, mesmo em casos de violência.

É nessa visão que alimentei minhas ideias contra o aborto. Matar o que está no ventre seria igual a matar o filho que eu tenho hoje. Mas não é. O amor humano é condicional. Logo, o amor materno também é condicional. O ventre ocupado por medo, violência, dor, angústia, raiva, tristeza não tem espaço para a construção e logo, para o amor maternal.

Mesmo quando o que está no ventre se materializa na nossa vida, sem apoio, necessidades materiais mínimas, respeito, descanso, o amor também tem dificuldade de acontecer.

Assim, encare a realidade do que um ventre ocupado pode trazer e dê às mulheres a opção de escolher, diante dessa situação, o que lhe perpassa. Se não houver a melhor condição para ela, nenhum ser será bem-vindo. Apenas tolerado as custas de uma saúde mental danificada.

Queria poder dizer o mesmo sobre os homens, mas a sociedade já liberou eles há muito tempo de qualquer responsabilidade, imagina de sentir amor!

Faço essa desabafo por amor a criança grávida a qual foi negado o direito ao aborto,

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2022/06/23/aborto-negado-por-juiza-de-sc-a-menina-de-11-anos-estuprada-repercute-na-imprensa-internacional.ghtml

pela mulheres brasileiras horrorizadas com o manual do governo sobre aborto,

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/06/ministerio-da-saude-lanca-manual-de-assistencia-ao-aborto-com-dados-distorcidos.shtml

pelas americanas que perderam um direito constitucional de muitos anos

https://g1.globo.com/mundo/post/2022/06/24/suprema-corte-dos-eua-derruba-decisao-que-garante-direito-a-aborto.ghtml

e pela atriz Klara Castanho que sofreu uma violência imensa, fez o certo e teve sua vida exposta e desrespeitada.

https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2022/06/25/klara-castanho-diz-que-foi-estuprada-engravidou-e-entregou-bebe-para-adocao.ghtml

Estamos juntas!

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