Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | A relação entre irmãos

Compartilhe esse artigo

Minhas filhas são irmãs há dois anos. Quando a caçula nasceu, a mais velha cresceu, cresceu, cresceu muito, do dia para a noite. Com a bebê no colo eu a olhava e pensava: “ela é enorme”. E de tão grande, ela passou a não caber, onde antes cabia. Ficou sem cabimento. 

Eu sabia que ela sofreria, que seria uma grande mudança, mas a forma dela sentir foi maior do que eu imaginava. Para poder entender o que passava em sua cabeça a terapeuta me disse: Imagina se um dia seu companheiro, ou companheira chega em casa um com alguém e diz: “Eu amo essa pessoa tanto quanto eu te amo, e a partir de hoje ela vai morar com a gente, e precisará receber mais atenção e cuidados do que você”

Ciúmes, raiva, medo. É o que eu sentiria. Acho que foi isso que minha mais velha sentiu. Li muitas teorias, ouvi conselhos, conversei com amigas e especialistas. Acolhi, gritei, acertei, errei. E o tempo, o sábio tempo, tratou de acomodar os novos papéis de cada uma e de encontrar os lugares de cabimento. 

Quando as duas começaram a se relacionar com mais frequência, de forma autônoma, num pé maior de igualdade, me perguntei como seria o fio que as ligaria. Será que esse primeiro grande conflito trataria de formar um fio espinhoso entre elas? 

O sonho de toda a mãe, é construir uma relação harmoniosa entre irmãos. Me perguntei um milhão de vezes como faria para mediar, como disfarçar preferências, como agir conforme a subjetividade de cada uma, como ser justa. Como criar vínculos entre as duas, como fazer com que elas se respeitem, se amem, colaborem. 

Joguei um peso em cima de mim carregado de expectativas. Elas precisam ser amigas, precisam ceder, precisam ser parceiras, precisam ser confidentes, precisam se amar. E me coloquei no centro e responsável dessa relação, quase me esquecendo que o fio que liga as duas, só elas podem tecer. 

Aos poucos vou me tirando desse papel dirigente para me colocar ao lado delas. Olho para as duas, tão pequenas e tão sábias na confecção do fio que as une. No acordar, comer, banhar, brincar, brigar, na intimidade dos dias elas se tornam irmãs. 

Constroem esse fio, sem medos, expectativas ou obrigações. Intuitivamente estabelecem a comunicação, o olhar, a provocação, as regras. No viver distraído, sem compromisso com algum tipo de perfeição ou idealização elas se conhecem e se reconhecem no papel de irmãs. 

Com sinceridade e entrega elas fabricam este fio feito (por enquanto) de verdades e espontaneidade. Quanta potência existe em suas relações. Eu sigo ao lado delas encantada com a forma que escolheram para brigar, gritar, respeitar, imitar, admirar e se tornar irmãs.

Obs.: Aproveito a temática para convidar as leitoras e leitores do Mães que Escrevem para o lançamento do meu livro Infantil “Bento não tem Cabimento”, em São Paulo, no dia 02/07 às 15hs no Studio Pop (Rua Prof. Murtinho, 34 – Vila Mariana).

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário