Carta de uma mãe solo cansada

Carta de uma mãe solo cansada

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Por favor, não me interpretem mal. Quando me queixo ou falo que estou cansada da maternidade não significa que eu não amo meu filho, ou que eu me arrependo de ter me tornado mãe. 

Estou apenas externando minhas dificuldades, desabafando com alguém que sinto que pode me escutar…estou tentando aliviar a pressão que sinto num maternar solo. 

Por que insistem nessa maternidade enfeitada com purpurina num altar santificado? Essa versão só existe na TV. Eu não sou obrigada a representar a mãe feliz do comercial de margarina o tempo todo! E nem sou uma guerreira travando uma luta num campo de batalha. 

Parem de romantizar a maternidade solo. Só estou fazendo o meu trabalho. Mães (solo ou não) ficam sobrecarregadas emocionalmente, mentalmente e fisicamente. Não tem guarda compartilhada. Não tem com quem dividir igualmente esse cuidado com a cria. 

A carga mental é pesadíssima. A cabeça fica a mil. É uma lista de coisas pra fazer interminável. 

  • Se a fralda acaba, eu compro. 
  • Se tem consulta pra ir, eu acompanho. 
  • Se a criança cresceu e não tem mais roupas, sapato, eu compro. 
  • Se tem vacina pra tomar, eu levo. 
  • Se fica doente, eu cuido. 
  • Se tem dente nascendo, eu que lute. 
  • Se ninguém puder, eu sempre posso. 
  • Se alguém vai abrir mão de alguma coisa, sempre serei eu.

EU SOU A MÃE. A MÃE QUE SE VIRE. É um malabarismo diário. 

Exaustivo. 

E vale ressaltar, antes de ser mãe, sou uma mulher… cheia de defeitos, paranoias, ansiedades, medos e frustrações buscando melhoramento! Eu sou humana. E sou a melhor mãe que eu posso ser. 

Quando digo: “ESTOU CANSADA” 

Estou dizendo nas entrelinhas que: 

Sinto falta de tempo pra mim. 

Sinto falta da minha liberdade de ir e vir. 

Sinto muito pelos meus planos e projetos que foram pausados por tempo indeterminado.

Sinto o peso da responsabilidade de cuidar e educar uma criança sozinha! 

Sinto o quanto estou inserida numa sociedade machista, preconceituosa e hipócrita. 

Já escutei frases péssimas, que são quase jargões proferidas por mulheres (machistas) para mães sobrecarregadas: 

“Quem pariu Mateus que embale!”

“Coitadinha! É mãe solteira”

“Fez filho, agora aguenta”

“Mas você é jovem e bonita, vai arranjar um pai pro seu filho.” 

Sinto o patriarcado me oprimindo quando dão a entender que não posso ou não deveria me expressar. 

Sinto olhares de julgamento. 

Como se eu estivesse sendo ingrata por reclamar da sobrecarga materna. 

“Ah mas seu filho é saudável. Agradeça” 

Respondo apenas: Não entendi o nexo causal! 

A verdade é que tem muita gente que não está pronto pra ser colo que acolhe. Quem está disposto a apoiar uma mãe que desabafa…cuidado com as devolutivas, menos conselhos, evite palpites ou dica infalível…

ESCUTE COM EMPATIA. 

Pelo amor de mãe 💗


Autora: Meu nome é Olívia Anchieta, tenho 33 anos, sou mãe solo do Bento 1a 2m. Sou Advogada e maquiadora. – @olivia.anchieta

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