Mulheres-mães protagonistas da própria história

A mãe que não quer “ser pai”

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Vi na internet algumas mães exaustas, brincando que tinham o sonho de serem pais. Isto é, de só encontrarem o filho em ocasiões agendadas, sem precisar lidar com a rotina cansativa de cuidados e preocupações, podendo aproveitar somente a diversão relacionada à convivência com a cria.

Entendo e apoio a crítica sarcástica feita à maioria dos pais através dessa brincadeira. Acontece que, por motivos diversos, ultimamente minha filha não está mais morando comigo, o que me dá a oportunidade de “ser pai”, de acordo com essa trend. Descobri então que, por mais desgastante que a rotina diária do exercício da maternidade possa ser, a opção de “ser pai” me parece pior.

Tenho tido a suposta rotina invejável de conviver com minha filha somente nos fins de semana. Durante a semana, trocamos mensagens, algumas vezes fazemos ligações. A verdade é que a pequena não volta mais da aula me contando as novidades do seu dia, não sei direito como é sua rotina.

Na última reunião de pais do colégio, tive a impressão de que falavam de um mundo paralelo do qual não participo. Nossos fins de semana têm sido divertidos e rendem fotos em redes sociais, mas isso está longe de me trazer a sensação de estar exercendo a maternidade.

Continuo cumprindo com todas minhas inúmeras obrigações financeiras para com minha filha, mas me sinto cada vez mais distante do título de mãe. Cada vez que me perguntam como está minha filha, me pego sem resposta, porque a verdade é que não sei bem.

Ao contrário do que insinuam as brincadeiras da internet, essa rotina de “ser pai” me parece cada vez mais desinteressante. Minha escolha consciente, ao decidir ser mãe, nunca foi essa: a “vida boa”.
Ainda não sei exatamente o que busco para meu relacionamento com minha filha. Mas já enxergo que não me satisfaço com essa rotina cada vez mais esvaziada de conexões e realizações, mesmo que o título de mãe continue garantido de forma vitalícia.

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