Mulheres-mães protagonistas da própria história

A mãe no mercado de trabalho 

A mãe no mercado de trabalho 

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Essa semana eu ouvi o episódio de um podcast que eu amo no qual a entrevistada contou que recusou uma super oportunidade profissional porque era mãe de gêmeos. Acontece que o pai acompanharia a viagem para o outro país e seria o suporte dela durante o projeto. Ao comunicar o contratante, foi informada de que não poderia, porque o ambiente não era propício a crianças e traria desconforto aos artistas. Pasmem!

Pois bem! Ela não foi. Perdeu uma super oportunidade. Depois viu que um dos participantes era um homem, pai de gêmeos e sem os filhos, obviamente. Essa história me revirou o estômago.

Eu falo sim de um lugar de muito privilégio. Fui recentemente ao Rio sozinha por quatro dias e meu marido conduziu tudo por aqui, como sempre faz com tudo que eu preciso fazer. Mas eu senti e sinto pelas mulheres que não têm esse apoio, e por aquelas que a sociedade já aparta, já partindo do pressuposto de que sendo mãe, o desempenho e a performance serão mais baixos.

Aí nesse relato vemos uma mãe, recém parida, com filhos que ainda mamavam no peito, tentando retomar a carreira, com apoio e auxílio do companheiro e o contratante a dispensou. Não diretamente, mas colocou impedimentos fazendo com que ela desistisse.

Vemos uma grande hipocrisia quando, no dia das mães, as empresas fazem as suas homenagens na mídia e nas redes sociais, mas no dia a dia demitem após a licença maternidade e filtram nos processos seletivos mulheres com filhos, entre outras ações. Poucas (raras) empresas estão num movimento contrário. Vejo um relato aqui e outro ali que me dão esperança, mas o que vejo na grande maioria, e não nas exceções, me dá nojo. Me aperta o estômago.

Uma vez fiz uma entrevista com uma professora, há muitos anos atrás, e quando ela me disse que tinha filho pequeno já emendou: “mas eu não falto, viu?”.

Porque ela teve que se adiantar? Porque provavelmente já tinha sofrido na pele as dores da mãe no mercado de trabalho.

As homenagens acabaram. O que fica? Deveria ao menos ficar o respeito pelas mulheres que precisam competir de igual para igual no mercado de trabalho. Que elas não precisem abrir mão de sonhos e de projetos.

Enfim! Um desabafo em forma de manifesto recheado de revolta e indignação. É isso.

Autora: Lilian Prada – @prad_lilian.

Texto revisado por Luiza Gandini.

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