A mãe geralmente é a chata. Vive cansada, sem energia e ocupada. É mal-humorada. É, eu sei. Mas vou te dizer o porquê: sabe as fraldas? Então, é a mãe que sabe se estão acabando, se já mudou de tamanho, se tem alguma promoção.
Sabe o médico? É a mãe que sabe o dia da consulta com o pediatra, a hora do remédio, se deu ou não o ferro e a vitamina D naquele dia.
Sabe as roupas? É a mãe que sabe quais servem, quais estão limpas e se a mochila para sair está abastecida com uma muda de calor, outra de frio, meias, toalha e tudo que for preciso para qualquer adversidade que porventura ocorrer fora de casa.
Sabe as unhas? Os ouvidos? O cabelo do bebê? É a mãe que vai cortar, limpar, resolver. Os itens de higiene? Lencinho umedecido, sabonete, shampoo, soro fisiológico, pomada e o escambau? É ela quem sabe se tem, onde estão guardados e qual a hora de usar cada um deles. Vão jantar fora e as crianças vão acabar dormindo na volta?
É a mãe quem sabe a roupa ideal para sair e confortável o suficiente para ir para cama direto do rolê. Também é a mãe quem sabe o lugar de cada coisa (pois foi ela quem arrumou/guardou) e possivelmente quem vai arrumar/guardar quando o pai tirar do lugar para “ajudar” com as crianças. Tudo isso concomitante com as coisas da casa, do trabalho e a vida pessoal (sim, ela existe para além do maternar).
Portanto, a mãe não é chata, estressada, mandona. Ela é sobrecarregada. E a sobrecarga da mulher é tão normalizada que se torna invisível até para ela mesma.
Acumular tarefas, esquecer do autocuidado, ir fazendo tudo no automático já passa batido no cotidiano da casa. Só vem à tona quando na hora de sair, depois de cuidar de todo mundo, ela vai se arrumar e o espelho reforça o que já está evidente: esqueceu de si mesma.
O reflexo mostra os cabelos e unhas por fazer, as roupas nem sempre bonitas, mas de botão/zíper para poder amamentar, as pernas por depilar. E, sim, ela sabe que não é obrigada a cumprir padrões estéticos e nem é essa a pauta aqui, mas a mãe também gosta de se arrumar. De se sentir cuidada. De sentir que tem vida. De respirar um ar que não seja o de maternidade. Ela não é chata, gente. Só precisa cuidar bem dela mesma como faz com os outros. Só.
Autora: Jéssica Benitez – Instagram: @eeunemqueriasermae.