Mulheres-mães protagonistas da própria história

A falta de empatia das pessoas… com crianças – Por: Léia Saboia

A falta de empatia das pessoas… com crianças – Por: Léia Saboia

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Outro dia vi um post – em um grupo feminino – que me deixou bastante intrigada. Diversas fotos de produtos pessoais (chinelo, sapato, escova de cabelo, pincéis de maquiagem, etc.) com marcas de mordidas. O autor da façanha era o ‘filho de quatro patas’. A publicação ganhou repercussão imediata: 5 ou 6 mil curtidas e muitos comentários amorosos. Li que: ‘aqui em casa também é assim’, ‘meus cachorros deixam minhas coisas personalizadas’, ‘que lindo’ e outros muitos parecidos e cordiais.

No mesmo grupo todos os dias são publicados relatos de conflitos protagonizados por crianças. No entanto, apesar de alcançar com rapidez inúmeras interações – assim como a de animais – percebo que a maior parte dos comentários são negativos e carregados de julgamentos. ‘Se fosse meu filho eu espancava’; ‘eu já batia, não tenho paciência’; ‘você tem que bater’; ‘tem que botar de castigo por várias horas’, sentenciam no tribunal online. Estou ciente que você deve ter pensado: ah, mas o cachorro é irracional, ele não sabe o que está fazendo. Concordo! E quando a criança em questão têm 2, 3 anos? Ela sabe? Vou deixar registrado, antes que as entrelinhas sejam mal interpretadas, que sou total e absolutamente avessa à violência! Ou seja, não espero que o animal seja torturado, fique preso, apanhe até aprender e obedecer. Assim como repudio que a criança seja violada física e emocionalmente para ser educada. Para as duas situações existem, ênfase no existir, uma série de alternativas que excluem por completo a força física e o terror psicológico.

É sabido que os cães que sofrem agressões se tornam animais violentos, os especialistas não se cansam de afirmar. Por que seria diferente com os humanos? Somos melhores porque apanhamos na infância? Temos total controle sobre nossas ações, sempre pensamos no nosso semelhante, lidamos bem com as consequências de nossos erros, não tentamos driblar as leis para nos beneficiar, respeitamos o trânsito, não ocupamos as vagas preferenciais, nos tornamos adultos seguros e sem vícios, não estamos sofrendo de ansiedade, depressão e pânico? Se a resposta fosse sim para todas essas questões eu seria obrigada a concordar. Se bater, empurrar, puxar o cabelo, beliscar, sacudir, humilhar com palavras cruéis e depreciativas fizesse de nós bons adultos, pessoas com facilidade para conviver em sociedade, livres de rancores, esse seria o preço a ser pago. No entanto, há falhas comprovadas e gravíssimas no método.

Eu tenho esperança. Gosto de pensar que as mamães/papais de agora estão buscando mais informações. Estão lutando contra esse sistema de educação violenta e entendendo que a criança é um ser que também têm seus desejos, necessidade de expressar seus sentimentos e preferências, embora não saibam exatamente como fazê-lo. Nós, adultos e responsáveis, é que temos o dever de orientá-las munidos de muito amor, paciência e respeito.

Autora

 

 

Léia Saboia, 32 anos, mãe em tempo integral.

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