Mulheres-mães protagonistas da própria história

A dor silenciada

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Não sabia bem como iniciar este texto, mas precisava escrever pra falar sobre a minha dor. Uma dor que não posso compartilhar, que ninguém entende.

Minha filha tem um ano e sete meses e é a razão da minha vida. Desejei engravidar e tentei por dois anos. A gravidez foi o momento mais incrível, o puerpério o momento mais difícil, porém cheio de alegrias e emoções.

Por ela não larguei meu emprego nem meu doutorado. Queria que ela tivesse orgulho de mim e queria ter dinheiro pra oferecer o melhor pra ela. Reajustei meus horários, pra ficar o máximo de tempo possível com ela.

Mas de uns tempos pra cá, entramos na fase mais dolorida da minha vida. Porque eu sinto que ela não me ama como eu a amo.

Parece egoísta falar isso, mas ela não fica feliz ao me ver. Chora o tempo todo querendo o papai. Só o papai pode fazê-la dormir. Se o papai entra no banheiro, ela fica chorando na porta. Pra mamãe, só as migalhas.

Hoje fui buscá-la na escola e, quando a coloquei no carro, ela começou a chorar pedindo o papai. Chorou sentida. E eu envergonhada.

Choramos juntas. 

Eu a amo, e ela é tudo pra mim. Mas eu sou a mãe e não significo nada pra ela.

Sei que, quem me lê, acha que estou sendo egoísta. Às vezes me pergunto isso também. Mas idealizei tanto ter uma menina para ser minha parceira, e agora estou frustrada. Dói, e não posso conversar com ninguém.

Aceito cada carinho que ela me dá como quem aceita as migalhas de um grande amor. Encaro a responsabilidade de ser uma mãe “perfeita”. Não me furto a ensiná-la, educá-la e ofertar tudo que eu tenho. Mas cada rejeição dói. Uma dor tão profunda, que não sei mais como sobreviver a isso. 

Hoje chorei um choro sentido. E não pude compartilhar com ninguém.

Anônimo.

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