Desde quando meu filho tinha 2 anos de idade, alguns pontos em seu comportamento me chamavam a minha atenção.
Porém, eu não tinha sequer ideia de como falar com alguém próximo a respeito.
Então, decidi conversar com a pediatra que o atendia na época.
Ela alegou que eu poderia ficar tranquila. Afinal de contas, ele ainda era muito pequeno para que as minhas impressões fossem levadas a sério.
Precisaríamos de mais alguns anos para descobrirmos se aquelas eram apenas suspeitas vindas de uma mãe de primeira viagem, ou se eu realmente tinha razão.
O tempo passou, e sua vida escolar começou.
Eu fui chamada no começo do seu 2º ano, e fiquei surpresa.
Sua professora anterior o elogiava e nunca havia destacado nada que fosse preocupante.
Me sentei em uma mesa redonda, ao ar livre, e ouvi a professora da época listar seus comportamentos em sala de aula:
1º Ele não para sentado.
2º Conversa muito.
3º Não consegue ficar parado enquanto explico a matéria.
4º Não fica sentado com as pernas embaixo da carteira. Ele fica como se estivesse sentado em cima de um galho.
Você precisa fazer algo. Isso está prejudicando o desempenho escolar dele e de toda a sala.
Eu decidi observar.
Enquanto o ajudava com as tarefas de casa, passava a mão em sua coluna para verificar se ele estava sentado da forma adequada, ou se tinha as pernas colocadas para fora da mesa.
E minha primeira observação bateu com o que a professora disse.
Depois, observei que ele se levantava muitas vezes enquanto fazíamos seus exercícios, perdia o foco com coisas bobas.
E novamente, levei estes comportamentos até a pediatra, que encaminhou à professora um questionário.
O mesmo foi respondido, e por fim, com o documento em mãos, pude ir em busca de um neuropediatra, que me ajudaria a entender tudo aquilo.
Depois de muitas avaliações e testes, foi concluído que sim. Ele tem TDAH.
Aquilo era novo. Porque antes, eram apenas suspeitas. A partir daquele momento, eu tinha um laudo, com CID.
Eu tinha a comprovação de que o problema era real e estava bem ali, diante de mim. Que tinha a escolha de lidar com ele de uma forma positiva, ou então, me deprimir e chorar.
Consegui para ele uma psicopedagoga. Afinal de contas, ele estava com dificuldades para escrever com letra cursiva ou (letra de mão).
E na escrita Braille, não temos uma questão parecida com esta. A combinação de pontos é universal. Sendo assim, a diferença da escrita de um cego para outro será baseada somente em questões ortográficas e de espaçamento.
Fui conversando com ele a respeito da importância de escrever com letra de mão,
E quando ele começou a ter progresso com essa atividade, começou a me ensinar a fazer algumas letras.
Confesso que achei difícil o traçado delas. Parece que usar a letra de forma ou (bastão) é mais fácil e rápido.
Ainda driblamos outras dificuldades relacionadas ao comportamento, e eu decidi ler mais a respeito do assunto, e fazer terapia para ser possível ajudá-lo com mais eficácia.
Temos um longo caminho pela frente.
Precisamos fazer muitas outras coisas. Porém, já noto melhoras significativas em sua postura e no seu letramento.
Me sinto feliz e grata por estar ao lado dele, tentando driblar as dificuldades presentes, em nome do sucesso de mais um ano letivo.
Nada disto pode ser considerado fácil.
No entanto, seguimos tentando e acreditando que teremos vitória se lutarmos juntos.