Eu amo meus filhos.
Mas nem por isso eu preciso amar tudo na maternidade.
Como amar a tortura que é a privação de sono? Como amar acordar às 4h da manhã todos os dias? Como amar as birras do mais velho na frente da escola, debaixo de sol, por causa de um dinossauro que eu esqueci de levar? Como amar o fato do seu filho te dar socos e pontapés e gritar descontroladamente quando se sentir contrariado? Como amar as brigas contra o sono de madrugada? Ou durante o dia? Com um bebê de mais de 10kg no colo?
Sim, a maternidade dói e é cansativa. Sim, eu reclamo sempre. Sim, dói ser julgada quando desabafo sobre as dificuldades, afinal, “você quem quis, não foi?”.
Mães vivem sendo silenciadas nesse percurso, tornando-o mais solitário ainda. As pessoas esperam felicidade plena e sorriso fácil.
Me perdoem mães, por todos os meus julgamentos antes de ser mãe, e até um pouco depois de ser. Demorou para a ficha cair. Me perdoem pela falta de empatia, por ter dito que você era exagerada apenas por estar cuidando do seu filho. Me perdoem por ver apenas a ponta do iceberg.
As dores maternas são reais. O que nós precisamos é de acolhimento, e não de julgamento – muito menos de outras mães. De julgamento já basta o nosso, que não é pouco.
Mães têm dias ruins, têm cansaço, têm sono, mães choram, mães são humanas, e acreditem, mães podem e devem poder reclamar e expor as dificuldades, sem julgamento. Parem de julgar as mães!
É claro que amamos nossos filhos, e só por eles aguentamos tudo! Eu vivo amor diariamente, seja no sorriso banguela do Henrique, seja no abraço sincero e choroso do Joaquim. Mas também reconheço minhas lutas, e sim, há um lado dolorido na maternidade.
Não seja essa pessoa que só piora a situação. Não calem as mães. Mães precisam desabafar. Não diminua a dor das mães.
Por: Aline Tiemi – @linetiemi
Revisão: @lougandini.
