Mulheres-mães protagonistas da própria história

Se sentir só na companhia de casa

Se sentir só na companhia de casa

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Por Bruna Batista | @eubrunabatistaa

Se eu tivesse a oportunidade de conversar com meu eu do passado, provavelmente ele me insultaria por reclamar do que vou compartilhar nesta conversa. Mas acredito que muitas mulheres que estão lendo também já passaram por isso.

Eu desejei muito o que tenho hoje: um emprego estável, minha filha por perto, uma geladeira cheia e um relacionamento saudável. Que mulher não merece algo assim? No entanto, esse novo cenário exige energias que, às vezes, simplesmente não quero entregar. Quanto mais me dedico, mais me sinto distante de mim mesma e, muitas vezes, sozinha.

Não falta amor, alegria ou companhia. O que falta é uma dose de “eu”, sozinha com uma taça de vinho, ouvindo Zeca Baleiro e um incenso aceso na sala. Amo todos que estão em minha casa, mas não me lembro da última vez em que a vi vazia.

A rotina, os compromissos, o cinema com a filha e os passeios com o parceiro para equilibrar. O drama dos ciúmes e o medo da criança de ter que dividir a atenção com mais alguém.

A ausência de uma base familiar de apoio e o desafio de conciliar o trabalho fixo com um novo projeto empreendedor. Tudo isso ressoa como uma buzina na cabeça que não me permite parar. Comprei o livro da minha deusa Rita Lee e ainda não consegui passar da página 30.

Quantas vezes nos deixamos de lado para cuidar/amar aqueles que estão ao nosso lado? Não fazer isso, não seria um insulto?

Como posso dizer que me sinto só quando existe alguém tão incrível ao meu lado? Esse problema não é apenas meu, é de todas nós que assumimos responsabilidades precocemente. A vida financeira nunca permite descansar ou sentir-nos seguras. O trabalho consome nossa mente e nosso corpo se recusa a entregar qualquer energia no final do dia. Eu sei que meus filhos precisam da minha atenção, mas eu simplesmente não quero. Hoje, não quero.

Gostaria de trazer uma resposta para toda essa confusão no final deste texto, mas ainda estou buscando alternativas. Talvez marcar na agenda um encontro comigo mesma, mas quem ficaria com a criança? Onde eu poderia ir? Seria estranho tomar um banho em uma banheira de motel numa quarta-feira à noite, sozinha?

Nessa constante luta do dia a dia em que nos cobram casa, comida, trabalho, marido, filho, escola, terapia, lingerie nova, depilação, compras do mês, ligar para a mãe, empreender e fazer um curso novo, se não encontrarmos um plano, uma pausa, simplesmente iremos desaparecer. Estaremos lá por eles, mas não estaremos por nós. Antes de doar ao outro, precisamos nos acolher. Mas como fazemos isso? Me conta.

Revisão: Luiza Gandini – @lougandini.

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