É isso mesmo! Me desculpe se isso parece rude: mas eu nunca quis ter gêmeos.
Cresci ouvindo a experiência do meu lado da família através da minha tia, e ao casar, somei a da minha sogra. Claro que estamos falando dos anos 70. De vida simples, ambas moravam no interior onde nem se cogitava uma ecografia/ultrassom. Como saber que eram gêmeos? Na hora do parto, uai! Fralda de pano, tanque de pedra ou riacho, fogão a lenha.
“Muito bonitinho” eu dizia, “Na casa dos outros!”.
Sempre questionada sobre essa possibilidade por meu marido ser gêmeo com meu cunhado, essa era minha resposta já automática, embasada pela minha ingênua crença naquele ditado popular: “Gêmeos na família? Sempre pula uma geração!”
E assim foi, até mostrar o resultado do HCG quantitativo com seus enormes 86.304,00 mlU/mL para minha obstetra que só disse “É, está bem grávida né?”. Rimos juntas, até a primeira eco da qual não achei graça nenhuma.
Dois embriões, bivitelinos. Meu marido chorou de emoção, eu ainda não sabia exatamente qual era a minha.
E como tudo, o tempo foi me ajudando a acalmar e entender dentro de mim o que estava acontecendo. Agora ia ser bem bonitinho, lá em casa!
Uma gravidez de risco, duas meninas. Enquanto 99% das pessoas torcem por um casal de gêmeos (ainda mais porque já tinha uma de 5 anos), eu senti como um sinal, um orgulho entende? Eu, que sempre defendi o feminino, a mulher e todos os seus direitos, teria agora três! Quanta responsabilidade, quanta honra também.
Assim como o amor materno não surge mágica e miraculosamente na mesa do parto, o meu processo de aceitação das minhas gêmeas também levou um tempo. O tempo que foi necessário, hoje elas já tem seus 4 meses e enchem de alegria o coração da mamãe a cada sorriso banguela.
Mesmo antes de nascer já ensinaram várias lições, derrubaram conceitos, crenças. Minhas meninas.
Hoje, depois de todo um processo interno, que é somente meu, posso dizer: Gêmeas, sim!
Autora: Marga Almeida. Sou a criadora do @entreasmamadas. Perfil criado em uma madrugada por uma mãe de três. Compartilho por lá meus textos criados entre uma mamada e outra.