Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Precisamos falar sobre a centralização da educação na mão das mães

COLUNA | Precisamos falar sobre a centralização da educação na mão das mães

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Esses dias vazou uma polêmica de uma empregadora que disse que não contrata mães de bebês, porque elas não tem comprometimento, não dão conta, não tem sonhos…

Polêmica bem válida para repensarmos nosso modelo social e sobretudo o quando a educação e cuidados ainda estão sob domínio da mulher.

Eu vi muita gente abismada e horrorizada – e é mesmo motivo pra isso, mas não vi ninguém falando sobre como a centralização de cuidados e da educação dos filhos está na mão das mães mesmo.

Essa história toda me fez pensar o quanto é natural que a gente pense que é a mãe que sempre tem que tá lá.

Quando adoece, quando vai ao médico, quando vai na escola, quando tem reunião escolar…

E eu não tô legitimando o lugar dessa empregadora porque ela está 100% errada em não apoiar mulheres que têm tanta dificuldade em voltar a trabalhar como mães de bebês. E que muitas vezes precisam aceitar um monte de desaforos como esses porque precisam de dinheiro e não tem escolha.

Mas pelos comentários e repercussão eu percebi que ninguém tá dizendo sobre como é errado essa centralização.

Como não é benéfico nem para saúde mental da mãe nem do bebê. Eu tenho me questionado. Sei que tem horas que é “só a mãe” mesmo e que tem horas que o bebê quer ela e ponto. Mas por que, sabe? Porque é ela que tá sempre ali!

É ela que é a principal cuidadora e que o bebê vê mais por perto, então óbvio que na hora do aperto é ela quem ele vai “só querer”.

Veja bem, eu não quero que seja interpretada como uma mãe que quer parar de assumir suas responsabilidades. Mas tenho pensado que se a gente solta essa centralização toda e, sobretudo, as pessoas ao redor também entendam, ajudem e tirem essa carga só da mãe, o bebê também cria possibilidades de laços fortes com outros cuidadores e passa a saber que está seguro com eles também.

Precisamos falar sobre isso. Falar sobre essa expectativa que depositam sob a mãe de que “só ela” consegue fazer tal coisa e “só ela” pode acalmar o bebê.

Ao longo de 2 anos de maternidade, percebo que quanto mais eu solto, quanto mais eu permito que meu filho se envolva com outras pessoas, quanto mais eu me distancio, mais saudável pra mim e pra ele tem sido essa relação.
Porque não há nada pior do que o sufoco e a responsabilidade de ser a única que sabe lidar com um ser humano em desenvolvimento.

Não é justo com a mãe esse peso todo. Não é justo com a criança que não aprende a se relacionar com o mundo de forma múltipla. Gera dependência não só física, mas emocional também, dos dois lados, e eu não acredito que ao longo prazo essa dependência seja saudável pro desenvolvimento de um ser.

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