Mulheres-mães protagonistas da própria história

Aprendi ser o máximo de mim mesmo

Aprendi ser o máximo de mim mesmo

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“Mamãe, você não vai sair?”
“Eu vou, filha, mas eu só vou pro meu quarto quando você dormir”
“Não, mamãe, da casa… Você não vai sair da casa?”
“E deixar você aqui? Claro que não! Você está com medo de que eu vá embora?”
“Estou… Você não vai me deixar?”
“Não, filha! Não vou deixar você! Eu te amo! Não vou nunca te abandonar!”

Este foi o diálogo que tive com minha filha de quase 5 anos antes dela dormir esta noite.

Não há como se preparar completamente para ser mãe, não é mesmo? E a ser mãe por adoção então… nem se fala! Não há palestras, livros, conversas com psicólogos e assistentes sociais que sejam suficientes.

Quando o filho chega, é um turbilhão de emoções e sentimentos difíceis de entender e de explicar.

Apesar da conexão com minha filha ter sido quase que imediata, comigo não foi e não tem sido diferente. Quantos medos, preocupações e incertezas! Por isso que a rede de apoio é tão importante! Quem é capaz de acolher a mãe para que ela seja capaz de acolher o filho?

Tenho vivido momentos tão intensos desde que minha filha chegou há 2 anos e meio que às vezes sinto que não vou suportar… Mas sigo firme!

Pandemia, banheiro quebrado por 45 dias, início de um novo trabalho, empreendendo para estar em casa com ela, falecimento na família, divórcio, mudança de cidade, recomeços…

Se para mim é pesado, para ela deve estar sendo mesmo muito assustador! Uma criança que foi abandonada em tantos níveis… como não sentir medo de ser abandonada novamente?

Não há quem nos ensine. Porque cada criança é única. E cada mãe é única. Cada relação com cada filho é única também.

Ainda hoje eu ouvi a atriz Fernanda Montenegro falando sobre a frase que ela mais gosta de Nelson Rodrigues, que diz: “Aprendi a ser o máximo possível de mim mesmo”. Isso me tocou profundamente, porque é exatamente o que tenho tentado fazer dia após dia.

Nem sempre eu consigo, nem sempre eu acerto. Erro muito mais do que acerto, é verdade. Mas sigo me deitando uma e acordando outra, um pouquinho mais consciente e mais confiante do que no dia anterior.

E isso eu faço por mim, faço por ela e faço por todos que estão à minha volta.

Não há dia ruim que não possa ser agradecido. E não há dia bom que seja eterno. Ambos duram as mesmas 24 horas.

Hoje, apesar do dia ter sido do avesso e eu ter me irritado tantas vezes pelos, digamos, maus feitos da minha filha, posso me deitar tranquila por saber que uma conversa importante aconteceu, uma filha, uma criança dormiu se sentindo segura e amada, e uma mãe suspirou aliviada. Saldo positivo.

Por: Sara Frigini – @sarafrigini
Revisão: @elasoqueriaescrever

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