Mulheres-mães protagonistas da própria história

A primeira vez que saí sem meu filho

A primeira vez que saí sem meu filho

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Por Erilene Melo| @erilenemelo |@profaerilenemelo

Daqui alguns dias, meu filho Dom completará 1 aninho. Hoje, semanas antes de seu aniversário, numa saída pra resolver algo, me lembrei da primeira vez que saí de casa, depois de dias dentro de um “retiro” chamado popularmente de resguardo, também pra resolver algo bobo e sem ele.

Naquele dia, percebi o quão valoroso é fazer pequenas coisas cotidianas (sozinha, sem pressa, sem preocupação da hora de voltar ou se o ser mais precioso, e que depende de você, está precisando de alimentação ou de um chameguinho).

Por causa da correria, não nos damos conta de que, por algum momento, o ditado “só dá valor quando se perde”, pode fazer extremo sentido, principalmente quando alguém se torna mãe, pois coisas fúteis e rotineiras, como tomar banho, podem ser um desafio.

Não lembro ao certo o motivo da saída há meses atrás, mas senti intimamente:

– o prazer da liberdade (embora momentânea);

– o sabor da noite e do vento frio batendo no rosto (mesmo que não fosse pra curti-la, como fazia antes)

– a gostosura de dirigir (pois é uma das coisas que me faz refletir sobre a vida).

No percurso de volta pra casa, já na ânsia de encontrar um bebê aos prantos, pois estava sozinho com o pai, pensei: “então era assim que era minha vida antes de ser mãe?”

Hoje a correria é outra: Dom (prioridade), trabalho, casa, marido, logísticas e mais logísticas pra que tudo possa dar certo. Esses últimos não se encaixam necessariamente nessa ordem, embora estejam presentes na minha vida, agora de mãe. Vou sentir falta quando Dom crescer e eu perceber que era bom quando ele ainda balbuciava ma-ma-má? Talvez sim ou talvez não, visto que aprendi a perceber, muitas vezes, pequenas nuances da minha vida com ele. Ressignifiquei muitas coisas, mas não quer dizer que o sentimento nostálgico tenha sido abolido do meu ser.

Sinto saudades da minha vida antes da maternidade e, paradoxalmente ou não, tenho orgulho da mãe que nasceu quando meu pequeno veio ao mundo.

A quem me pergunta: “é bom ser mãe?”, ouve a seguinte resposta: “Se eu soubesse que o meu filho era o Dom, teria tido mais cedo. Mas se eu soubesse que a maternidade é tão desafiadora, teria protelado mais ainda minha decisão de ser mãe, e, possivelmente, não teria sido”. Contudo, estou vivendo com os (dis)sabores de ser mãe, carregando um amor e um dom, literalmente, que não sabia que existia dentro de mim.

Revisão: Luiza Gandini – @lougandini

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