Mulheres-mães protagonistas da própria história

Vamos falar sobre o Puerpério? – Por: Danielle Gonçalves

Vamos falar sobre o Puerpério? – Por: Danielle Gonçalves

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Eu nunca tinha ouvido essa palavra até ganhar a Lívia Elianete. Uma coisa que ninguém me avisou: O que de fato é o Puerpério?

Sabe aquele momento pós parto que você está cuidando do seu filho, mas te bate uma angústia que só te faz chorar? Você não está triste, você está feliz, tem seu filho nos braços como desejou, mas o que está acontecendo? Por que o choro?

Temos que lembrar que no nascimento de um bebê também nasce uma mãe e o que acontece com a pessoa que você era? Ela se perde, e ai começa a luta para fazer seu eu de antigamente se entender com o seu eu de agora. Mas é difícil, dói. Dói e parece que ninguém te entende. Vou contar agora minha experiência:

Meu sonho sempre foi ser mãe, mãe de menina, pelo fato de ter perdido minha mãe muito cedo eu sempre tive uma enorme vontade de ter uma filha para poder passar com ela o que não pude passar com a minha mãe, engravidei e era uma menina, a Lívia Elianete (nome da sua avó falecida, Elianete), eu estava feliz, meus olhos transbordavam felicidade, no meu rosto um sorriso estampado para quem quisesse ver, eu amava minha barrigona, já amava a Lívia, mas quando Lívia nasceu eu olhei pra ela e, sinceramente, eu não senti nada, nada além de um peso de responsabilidade caindo sobre mim, já ai eu me senti estranha, não falei pra ninguém, mas me perguntava: “será normal isso? Será que vou começar a ama-la com o tempo? ”, e assim foram passando os dias, e sim, cada dia mais eu ia amando aquele ser pequeno e indefeso, mais, mais e mais, mas dentro de mim ainda tinha uma angustia, um medo.

Meu corpo doía, doía meu peito que sangrou, ficou cicatriz, foram 50 dias do peito sangrando, doía a cesárea, eu não conseguia dormir, ela não dormia, EU não conseguia fazê-la dormir, quando meu esposo chegava em casa eu estava deitada na cama, abraçada com a Lívia, ela chorando e eu chorando junto com ela, isso acabava comigo, como eu não conseguia fazer minha própria filha dormir? Aí chegavam os outros e pegavam ela e ela acalmava, dormia, aí eu chorava mais ainda, “ela não me amava? ” Eu pensava, as pessoas começaram a dar palpites, pegavam ela do meu colo, eu dizia não e eles questionavam, quando eu conseguia fazer ela dormir, alguém ou alguma coisa, algum barulho acordava ela, eu já estava no meu limite, mas sempre dizia estar tudo bem, aliás todo mundo sempre parece estar tão feliz quando o bebe nasce, não parecem ter problemas, então eu pensava que se pedisse ajuda eu estaria sendo fraca, se eu desabafasse eu tinha medo de soar como uma reclamação, e assim foi indo. Até que um dia Lívia começou a chorar muito, e começou de novo as pessoas dizendo: “ela está com fome, seu leite não sustenta…”, e como todos dizem, amamentar é amor, então se eu não tinha leite, eu não tinha amor?

Eu chorei mais, fui ao médico, pedi remédio, não adiantou, com 4 meses e meio meu leite secou e tive que dar formula a ela, me tranquei em casa por 3 dias, sem sair para a rua, eu só chorava, eu não queria ver ninguém, “por que eu não tenho leite? Logo eu que queria amamentar até seus 4 anos ou mais, por que eu? ”, nada fazia sentido, e os outros novamente dizendo, você não pode ficar assim que vai passar tudo para sua filha, epa, espera aí, eu estou sofrendo, mas não posso sofrer porque ela sente? O que eu posso fazer então? Quando alguém pegava Lívia eu sentia como se ela não fosse mais me querer ou fosse amar mais a pessoa que à mim, eu pensava: “eu te amo mais que tudo, você não pode gostar de outra pessoa, você só pode gostar de mim” e com isso, eu não deixava as pessoas pegarem ela, eu não saia sem ela, eu não fazia NADA sem ela, ela é MINHA, vai ficar COMIGO, até que um dia não aguentei, chorei, gritei, me encolhi na cama, pedi ajuda, eu estava ficando louca, o que estava acontecendo? Foi aí que me disseram, você está passando pelo puerpério.

Então, eu queria pedir uma coisa a todos vocês: quando uma nova mãe nascer não coloquem todo o peso do mundo nas costas dela, ajude-a, mas não diga que as decisões dela são erradas ou coisa do tipo, o puerpério é dolorido.

 

Autora: Danielle Gonçalves.

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