Mulheres-mães protagonistas da própria história

Um desabafo sobre maternidade – Por: Camila Fernandes

Um desabafo sobre maternidade – Por: Camila Fernandes

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Hoje em dia a gente fala muito de “maternidade real”, vcs querem falar disso mesmo?

1 – façam recorte: de raça, classe e escolaridade. idade também.

2 – aceitem que os bebes tem personalidade, uns dormem mais.. outros menos. Uns sao mais simpaticos outros menos etc

3 – conheçam as mães. E o que importa para elas. Mulheres não são iguais. Filhos não são iguais. No final, vai dar tudo errado e todo mundo vai fingir que deu certo. Amém.

Por último, levem em consideração tudo o que eu disse acima e leiam meu texto abaixo:

Eu amo ser mãe, mas gostaria ainda mais se eu ainda fosse dotada das minhas demais habilidades sociais. Queria encontrar uma roupa na qual não me sentisse uma completa alienígena (hora porque ela é muito anterior a fase mãe, hora porque ela é muito fase mãe para incorporar as demais facetas da minha life). Queria não me sentir inadequada.

Queria ter preservado meus amigos/as e feito novas amizades. Queria ainda receber convites daqueles que até pouco antes do meu filho ser gerado ainda me convidavam.

Queria fingir que tá tudo bem quando eu sequer consigo dormir uma noite inteira, embora meu filho tenha quase dois anos.

Queria me sentir 100% infeliz ou 100% feliz e satisfeita.

Queria na verdade que a vida fosse mais igual aos relatos da internet e menos igual as confusões que todos vivenciamos em nosso cotidianos doentios.

Queria seguir em frente sem que seguir em frente fosse dar menos do que eu quero/desejo para o meu filho.

Queria que eu não tivesse tanto a compartilhar e a escrever por aí.

Queria que eu já tivesse saído da bolha da maternidade e que conseguisse conversar sobre coisas além-mar. Eu sou uma mãe com muito privilégios sociais, com mais apoio que a maioria e com muito conhecido/informação. Mas eu ainda estou frágil, porque a maternidade foi feita e pensada para nos fragilizar. Não vou dobrar os joelhos. O vômito na cara? eu limpo. O catarro na blusa? eu disfarço.

Vocês que disseram que eram meus amigos/as e que sumiram? eu esqueço. A única coisa que eu não posso fazer é sucumbir. Ou existir em paralelo. Eu não. Porque eu sou, eu estou e eu sigo. Não há nada que possa me parar, pois eu sigo mesmo sentindo me sentindo inadequada. Mesmo quase dois anos depois.. Porque o patriarcado quer isso: medo, cortesia e serventia e de mim ele não terá.

 

Autora: Camila Fernandes

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