Mulheres-mães protagonistas da própria história

Transmissões

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Quando soube que seria mãe, comecei a me questionar sobre a minha educação. Coisa que é comum quando se passa por esse período. Voltamos à nossa infância, regredimos ao passado entrando na pele de quem nos cuidou e também na do bebê que fomos.

Acredito muito no fato de que, inevitavelmente, iremos reproduzir certas atitudes que nossos pais tiveram frente a nós, mesmo que não queiramos, até porque, esse é um processo que ocorre em grande parte, a nível inconsciente.

Ainda hoje me questiono e me pego em devaneios sobre isso. Às vezes por um breve instante do momento presente, me pergunto se o que estou fazendo com meu filho, minha mãe não fez comigo exatamente da mesma forma. O que é bem possível, já que dispensamos cuidados a partir de nossas bagagens, vivências anteriores.

Quando percebo que ela observa minha relação com meu filho, também fico imaginando se quando nos tornamos avós, não acabamos revivendo muito da própria parentalidade, lembrando-se do passado. Deve ser inacreditável reviver cenas que há pouco tempo se era protagonista, mas agora, é plateia.

O meu Trabalho Final de Graduação falava sobre isso. Entendo que esse pode ser um marco na história acadêmica e profissional, por geralmente ser a primeira vez em que tem-se a oportunidade de escrever algo que se deseja de verdade, e por isso, não escapa às nossas questões pessoais.

Obviamente, a vinda do meu filho contribuiu pra que eu escolhesse a parentalidade e seus atravessamentos como tema, mas a família e as influências dela sobre nós, sempre foi algo que despertou meu interesse.

É intrigante como mesmo que desejemos fazer totalmente diferente de nossos pais, volta e meia, surjam frases, opiniões, expressões e atitudes muito semelhantes. Isso que herdamos, Lebovici chama de transmissão intergeracional.

O fato é, que mesmo querendo quebrar um ciclo de atuações que hoje não consideramos adequadas, estes atravessamentos estão presentes em nossa vida, de uma forma ou outra, nem que seja para repudiamos e fazermos o oposto.

Hoje entendo que até o que consideramos um erro quando se fala da criação que tivemos, é de suma importância pra nossa constituição. É isso que faz com que possamos estar no lugar de pais, desejar e tomar decisões quanto ao que é melhor pra nossos filhos.

Deve ser por isso, que comumente se diz que só iremos entender nossos pais, quando estivermos nesse lugar. É um momento extraordinário, em que conseguimos reviver coisas que já estavam esquecidas e seguir nossa história. Mantendo algumas coisas, mudando outras, mas sempre se guiando por transmissões.


Autora: Sou a Sue Helen, tenho 25 anos e sou mãe do Giordano, de 1 ano de 8 meses. Estou me formando em Psicologia no fim do ano. Atualmente faço estágio na maternidade, Casa de Saúde em Santa Maria – RS. Insta: @suehelen_ubinski

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