Dura entrega
Antes eu achava o Dia das Mães uma data meramente comercial, hoje eu entendo o sentido dela. Nascemos com o propósito de se entregar. Entrega do corpo que não terá a mesma forma.
Entrega da alma durante a amamentação. Entrega da mente que não descansa em preocupação. E por fim, a entrega do coração que não consegue amar tão profundamente outra coisa senão a sua cria.
Essa somos nós, mães.
E a história se repete de mãe em mãe , todos os dias. Algumas sentem mais, outras menos. Mas ouso dizer que TODAS passaram (ou passam) por algum desafio durante a maternidade, principalmente no início, aonde no auge dos hormônios ela tem certeza que a dor não vai ter fim.
Só resta chorar, e chorar, e chorar, até secar. Mas só as lágrimas, porque se secar o leite haverá mais choro. Nenhum homem é capaz de compreender toda essa enxurrada de sentimentos.
É uma entrega totalmente pessoal e intransferível. Incompartilhavel e sem devolução. Eu me entrego todos os dias não só para minha filha, mas para essa maternidade que de entrega em entrega leva tudo que havia do lado de dentro e só fica a capa.
Agora vazia (exceto pelo leite) e pronta para ser cheia novamente por Deus que há de renovar as energias que sobraram. Escrevo em lágrimas, pois é só o que restou entregar.
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Autora: Rebeca Xavier