Mulheres-mães protagonistas da própria história

SÉRIE | Além do autismo existe a Mayara, mãe do Wellington

SÉRIE | Além do autismo existe a Mayara, mãe do Wellington

Compartilhe esse artigo

No primeiro texto dessa série apresentei a Luciana, mãe do Pedro e você pode ver a história dela aqui. Continuando com a proposta, o próximo relato é da Mayara, minha amiga e vizinha. Nossa primeira conversa foi com muita empatia, nossos filhos com a mesma idade têm autismo. Tínhamos muito para compartilhar mas cada uma com sua lida e tratamos tudo isso de forma muito real e sem romantização.

Mayara é uma mãe forte eu a admiro e quero que as pessoas conheçam sua história, desejo que ela tenha voz e espaço e que sua luta seja reconhecida não romantizada.

“Hoje o meu mundo gira em torno do autismo. Não tenho amigos e as pessoas não frequentam mais a minha casa”

Meu nome é Mayara F. Silva, tenho 33 anos e sou mãe do Wellington, autista, de 6 anos. Wellington foi diagnosticado aos 2 anos, é verbal, não usa fralda, não possui seletividade alimentar e toma 4 medicamentos. Faz terapias desde 1 ano e meio. Autista hiperativo e com muita inflexibilidade em cumprir regras, torna-se agressivo quando contrariado, sendo essa a principal característica negativa dele. Contudo, consegue se expressar mesmo com o vocabulário limitado.

A minha luta com meu filho era solo, sou divorciada do genitor que sempre foi ausente. Deixei de trabalhar para me dedicar integralmente às suas necessidades. Por ter crises de pânico, atualmente, estou em tratamento com terapia e faço uso de antipsicótico e antidepressivo e mesmo assim, não é nada fácil.

O dia a dia com o Wellington não é fácil, não consigo ir ao shopping, banco e supermercado sem que ele tenha crises sensoriais ou birras. Eu não acredito na inclusão. Pelo menos conosco não funciona. É apenas uma lei. A mídia enfeita o autismo. Tento sempre me informar e me capacitar para dar-lhe uma boa qualidade de vida. Dentro de nossas condições e também dentro das possibilidades reais dele.

Não adianta querer levar o Wellington a um parque de diversões lotado, pois o barulho o incomoda e com isso ele começa a ter crises e, em alguns casos, acaba se apegando a algum brinquedo e não quer mais sair.

Hoje o meu mundo gira em torno do autismo. Não tenho amigos e as pessoas não frequentam mais a minha casa. Não tenho consigo fazer as coisas que gosto porque tenho de deixá-lo com alguém e nem sempre as pessoas estão disponíveis.

Eu vivo um de cada de vez tentando buscar equilíbrio e pedindo a Deus saúde, sabedoria e muita paciência pra cuidar do meu filho, porque amor, tenho de sobra.

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário