Mulheres-mães protagonistas da própria história

Rotina – Por: Fernanda Misumi

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Rotina para adultos, em sua grande maioria, é sinônimo de “fazer todos os dias as mesmas coisas” (coisas essas que, diga-se de passagem, normalmente são tidas como chatas como comer comida normal, trabalhar, estudar, etc) ou “ficar preso em procedimentos enfadonhos do dia a dia”.

Não à toa é comum ouvir que “precisamos sair da rotina” seja pra descansar ou desestressar. Nesse caso a palavra férias é sinônimo de paraíso.
A ideia de rotina é simplesmente massacrante para a maioria das pessoas. Ao que parece a obrigação de ter que fazer algo ou alguma coisa de uma forma sistemática é deprimente.
Confesso que também acho bem chato fazer sempre a mesma coisa, do mesmo jeito, todo santo dia.
Porém, tenho lido muito sobre a importância de estabelecer uma rotina para crianças, para que elas tenham segurança, um sentido de ordem que traz liberdade.
Segundo o psiquiatra norte-americano Rudolf Dreikus “a rotina diária é para as crianças o que as paredes são para uma casa: lhes dá limite e dimensão para a vida”. Ele menciona que esse esquema padronizado traz tranquilidade e estabilidade que beneficia o desenvolvimento.
Quando Henrique era bem bebezinho eu não conseguia ter nenhuma rotina. Eu até tentava, sabe? Mas aquele bebê pequeno demandando muito o tempo todo me deixava maluca. Então eu deixava a vida me levar. Fazia o que dava, não pensava muito.
Tomava banho correndo (eu tomava banho? Hahahaha!), não tinha tempo de fazer xixi, cada dia acordava num horário, ia dormir muito tarde, não conseguia descascar uma banana, comia qualquer coisa…. Caos!
E aquilo não tava legal pra mim.
Imagine que você não tem rotina NENHUMA. Acorda a hora que quer, come o que quer, quando quer, faz o que quer. Parece bacana né? Mas olha, por experiência própria eu digo que não é bacana.
(e volto a dizer que não ter rotina NÃO é sinônimo de férias, que é bem diferente! Até porque dependendo das férias você precisa de rotina: vai pra disney e vai acordar a hora que quer? ou vai levantar as 07h em ponto pra comer bacon com o Mickey?)
Me senti muito mais confortável, alegre e aliviada quando estabeleci uma rotina pra mim.
Lá pelos 7 meses do Henrique eu comecei a acordar todos os dias no mesmo horário (até porque, né, tenho um despertador infalível. Se quiser um, só fazer um bebê), entre 07h/07h30.
Dai mantenho um RITMO: levantamos, faço café, comemos, brincamos, arrumamos a mesa (e a sujeira!), arrumamos a cama, brincamos mais um pouco, soneca…não necessariamente na mesma ordem ou com rigidez, mas mantenho esse ritmo todos os dias.
Percebo que o Henrique fica mais calmo e tranquilo quando sabe o que vai acontecer.
Claro que existem exceções. Eu fico doente ou ele fica doente, nós saímos de manhã ou a tarde, ou passamos o dia fora, ou passamos o dia na casa de alguém. Mas, no geral, tento manter esse ritmo, principalmente no quesito sono, porque cansado ou com fome qualquer criança se irrita muito facilmente. (“Ai como essa criança é birrenta, aposto que os pais não dão limites!” – blábláblá)
Ter uma rotina ou ao menos manter um ritmo, me permitiu fazer coisas que antes não conseguia, como por exemplo ler e responder e-mails ou escrever.

Daí comecei a pensar nas vezes que eu disse “ah mas não tenho tempo pra isso”.

Nós nunca temos tempo. Temos é de arranjar tempo. Com uma rotina ou um ritmo natural das coisas, adquirimos hábito e o hábito facilita o dia a dia e conseguimos agregar atividades que gostaríamos de fazer e antes não tínhamos “tempo”.

É verdade que fazer todos os dias a mesma coisa, do mesmo jeito é chato. Mas se você não consegue naturalmente pensar em uma canção de ninar diferente (e acaba cantando todo santo dia a mesma musiquinha) você pode pesquisar por músicas novas.
Não é tão difícil sair da rotina mas manter o ritmo: arrume a mesa do café da manhã no chão de casa e faça um piquinique; peça uma pizza em plena terça-feira; faça um caminho novo ao ir pro trabalho (que seja sair numa escada rolante diferente do metrô).
Venho aprimorando minha rotina e uma coisa que estabeleci aqui e amei foi cardápio semanal. Todo sábado faço o cardápio da semana seguinte e em seguida o que precisa comprar. Domingo fazemos mercado, deixamos tudo preparado pra semana e pronto.
Começamos a comer melhor e, pra quem tem criança pequena em casa é bem mais fácil. Afinal, você já se pegou falando “ai não sei o que vou fazer pra jantarmos hoje”. Quando eu olho pro cardápio sei que amanhã teremos “arroz, feijão, carne de panela com batatas, salada verde”. Bem, sei que preciso tirar a carne e o feijão do freezer e no dia seguinte descascar batatas (as folhas sempre deixamos todas lavadas logo quando voltamos do mercado. Parece um trabalhão no dia de mercado (e é!!!) mas vale MUITO a pena.) e colocar arroz na panela de arroz e fim.
Me traz um alívio ler o que teremos, pois facilita no preparo e dá uma sensação psicológica de “não preciso me preocupar com isso”.
Fazer programação também é algo que me ajuda. Programar o que faremos na semana e no mês também traz uma sensação de alívio, porque acredito que assim conseguimos encaixar tudo que queremos fazer.
Sabe aquele domingo que você acorda e tipo “o que vamos fazer hoje?” quando olha no relógio já são meio dia, você nem pensou onde ou o que vai almoçar, dai olha no relógio outra vez e já são 17h. Acabou o dia. E você fica com aquela sensação de “não fiz nada e o dia passou voando”. 
Eu prefiro sempre programar. Aquele parque que queremos visitar, ou aquela faxina que precisamos fazer. Vou encaixando tudo milimetricamente pra aproveitarmos e conseguirmos fazer o que queremos.
Dai algo sai do script. Você fica doente, uma visita chega na hora que você está saindo….
Ai as coisas mudam né.
Rotina flexível pra mim traz alívio, segurança e alegria. Mas a roda foi feita pra girar, então eu deixo girar.
É muito bom se planejar, mas melhor ainda é se manter tranquilo quando os planos mudam de repente.
Não penso que rotina precisa ser aquela coisa maçante, mas acho que ter um ritmo traz uma disciplina muito benéfica pro corpo e mente, principalmente para as crianças.
Autora: Fernanda Misumi

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