Mulheres-mães protagonistas da própria história

Quanto mais eu fugi de mim, mas eu estava lá

Quanto mais eu fugi de mim, mas eu estava lá

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Você já pensou sobre a diferença entre sentir-se só ou estar só? Porque elas são completamente diferentes e eu já senti as duas. Já estive em relações afetivas, tanto de amizade, familiares, amorosas em que me sentia só. Hoje estou solteira, tenho uma filha e, por vezes, adoro a minha própria companhia, ter a minha casa só para mim, ir ao cinema sem precisar discutir que filme veremos, comer a comida que eu quero sem precisar agradar ao outro. 

Do ponto de vista antropológico, somos sujeitos sociais. Nascemos para viver em sociedade e essa sociedade nos influencia. Muitas vezes diz como devemos andar, com que roupa, o que é melhor comer, até como devemos amar e a quem. É tudo tão imperceptível que achamos que somos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas. Mas sempre que damos “biscoito” a um casal e deixamos de elogiar a mulher que faz as coisas sozinha, dizemos de alguma forma como é o modelo “certo” de viver. Aquela dita escolha.

Sentir solidão não tem a ver com o numero de pessoas com quem você está. Muitas vezes você está casado, tem mil amigos e ainda se sente só. Tem um milhão de projetos e nada parece suficiente. Você preenche tudo e ao mesmo tempo nada. Uma dica: pare! Só um pouco. Respire fundo e pare! Existe uma sociedade inteira que te ensina diferente. Então, tenha calma. 

Por exemplo, quantas vezes incentivamos uma mulher ou homem a sair sozinho? Jantar só, ir ao cinema só sempre teve um tom soturno. Parece que aquela pessoa está só por falta de alguém e não por escolha. Claro que é maravilhoso estar entre amigos, viajar, zoar. Mas é muito bom, também apreciar a própria companhia. E deveríamos incentivar, enquanto sociedade, essas práticas. 

Morar sozinho, viajar sozinho, ir a um show sozinho, o que mais a pessoa quiser fazer poderíamos nos oferecer como ponto de segurança, mas achar o máximo e não melancólico. Eu acho o suprassumo amigos, em especial se forem mulheres,  que são apreciadoras da própria companhia. Vamos apenas diferenciar: não estou falando dos narcisos, aqueles que só gostam de si. Estou falando de pessoas que amam estar com as outras, mas também curtem estar consigo mesmas, 

Estar só é libertador. Escolher estar com alguém ou dizer “se é isso que me oferece, muito obrigada, mas não quero”, é ir na contramão de uma sociedade que dá mil curtidas na moça que finalmente casa, Por favor, que ela case, mas que a gente possa também incentivar a moça que se separou, a moça que viajou sozinha, que fez intercâmbio. Quanto mais múltiplos, mais ricos e expandidos seremos.  

*Biscoito = elogios, curtidas exageradas, aplausos em situações que deveriam ser normais. 

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