Mulheres-mães protagonistas da própria história

POESIA | Sobre-vivência feminina

POESIA | Sobre-vivência feminina

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Mulher engravidou

Qual é o sexo?

É menina

Que dó

Vai sofrer

Nasceu muié

Com quem será que vai casar?

Vai depender se o Maycon vai querer. 

Cresceu

Tão mocinha

Veja as roupas dela, tão curtinhas

Os homens reparam

Mas ela é criança

É menina

Fecha as pernas criança

Não entra mais na dança

Só pode ser bailarina

Aquela de pose 

Não pode ser lutadora

É coisa de menino

Ajeita o cabelo

Prende esses cachos

Domina o volume

Se comporta menina

Seja mocinha

Assim ninguém vai querer casar com você

Ficou menstruada

Parabéns e tristeza

As conversas só giram

sobre gravidez e violência

Não sobre a beleza e essência

Entrou na faculdade

Experimentou a vaidade

Viveu o fim da puberdade

E a múltipla sexualidade 

Deixa de ser sem vergonha

Você nasceu para casar

Ser mãe e ter um lar

Faz dieta e veja esse corpo

Gorda assim 

Quem que vai querer casar com você?

Casou, separou

Inquieta, pensa demais

Ninguém te aguenta

Mulher livre é lenda

Só você para querer ter agenda

E achar que pode fazer o que quiser

Segura a respiração

Emagrece 

Desse jeito

Não arruma marido de novo não

E nem terá filho 

Será infeliz no coração

Entenda bem uma coisa

meu irmão

Sou mulher e nao sou ocupação

Sou livre na alma e no coração

Mesmo que você me passe o cordão

Acharei formas de resistir a difamação

E se quiser pode me chamar de bruxa,

feminista, grelo duro, puta

Eu sigo em frente 

Estou acostumada a luta

Aqui a coragem é forjada na disputa

por uma sociedade fraterna e mais justa

Onde mulher possa ser realmente o que quiser

Médica, mãe ou puta. 

E não seja morta, julgada ou apartada

por sua conduta.

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