Mulheres-mães protagonistas da própria história

Minha experiência com o Puerpério

Minha experiência com o Puerpério

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Eu tenho uma analogia que compreende desde a gestação até ao maternar em si. Em resumo: esse rolê começou quando engravidei, onde eu me sentia como se tivesse correndo loucamente (contra o tempo até) em um vasto deserto, sozinha e o fim disso seria um precipício, e mesmo com muito medo, eu teria que pular. 

Quando pulei, o parto – que foi tão ruim que ainda não consigo contar -, afundei num oceano escuro e fiquei lá embaixo, apagada, sem ar e pronto: cheguei ao Puerpério.

O que me disseram sobre o puerpério? Na verdade, nada! Apenas o famoso “40 dias que vc não pode manter relações sexuais” ou o clássico “cuidado, você pode ficar louca.”

Eu morri bem aí. Morri morrida de morte matada por todos. E sabe o dia que detectei a falta dos meus batimentos? Quando fiz 35 anos e, Lucca, 10 dias de vida. 

Eu tive um bebê que foi pra UTI com 4 dias! Titios e avós em casa para recebê-lo e eu nem tinha filho para mostrar. No dia 14/09, meu feliz dia, foi o dia que mais doía no meu coração: eu estava sozinha. Ninguém em casa, papai voltou a trabalhar e boa parte das grandes amigas que eu esperei palavras de acolhimento só lembraram da data quando repostei algumas fotos.

Eu usava uma poltrona de amamentação (porque ninguém tinha me dito que era melhor amamentar deitada, né?), lá eu chorei enquanto Lucca mamava, e dormia, e chorava comigo, por horas.

Chorei uma dor que parecia não passar. Eu estava dolorida, inchada e triste. Eu tinha morrido e meu filho também quase morreu, e pior, não tinha ninguém nesse velório.

Quanto tempo dura o puerpério então? Não sei! Eu passei ainda por dias em que tive certeza que iria desistir. Só achei que melhorou lá pelo terceiro mês. Mas esse misto de sentimentos e hormônios vai e vem, bem menos intenso agora, ainda bem!

Então, sobre a analogia do fundo do mar: diria que agora eu já consigo sair pra respirar e, às vezes, me arrisco a nadar!

Mas ainda estou deitada, boiando, curtindo o céu – que é um azul lindo e infinito e o sol é tão forte e me aquece a pele dessa imensidão de água gelada e fria e escura que está abaixo de mim. E aqui, só aqui, Lucca está do meu lado, no meu peito, mamando.

Como foi ou está sendo aí? Aqui ainda morro!


Autora: Pamela Chieregate, @pamchiere, mãe do Lucca, fisioterapeuta intensivista, tentante no yoga e no maternar.

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