Mulheres-mães protagonistas da própria história

Maternagem em pequenas pílulas – Por: Ana Nery

Maternagem em pequenas pílulas – Por: Ana Nery

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Esses dias uma amiga me disse: deve ser bom ter filhos. Eu disse: é sim. Aí depois brinquei com ela mandando uma foto do chão da sala todo cheio de pipoca que Odara tinha derrubado. Daí eu falei: nessas horas não é bom ter filho não amiga, rs…

Mas foi só uma brincadeira mesmo. Porque, na verdade, não é nessas horas que é difícil ter filho/as. Os momentos mais críticos são quando você precisa de alguma ajuda com a criança e você olha em volta e não tem uma rede de apoio próxima. 

Difícil é quando as pessoas julgam a maternidade não-romantizada, achando que você não deve reclamar ou não deve mostrar a realidade e as dificuldades que enfrenta seja quem não entende nada ou tá fora do rolê e quer dizer como você deve ou não educar seu/sua filho/a. 

Difícil é você se cobrar quase todo dia pra orientar bem seu/sua filho/a, pra educar, pra ter paciência, pra aturar comentários e olhares de julgamento. 

Difícil é a cobrança interna e externa, mesmo que velada, pelo seu crescimento profissional, pela estética, corpo-currículo-emocional que nos leva a momentos muito cruéis com a gente mesma.

Difícil é você ver como a maioria das questões relativas a maternidade envolve a definição de papéis sociais que nos cercam.

E olha que eu ainda falo de um lugar de muito privilégio. De quem ainda consegue sentar ou deitar uns minutos e escrever um texto ou pensar sobre o assunto. Muitas de nós sequer têm esses acessos. 

Pipoca no chão, massinha de modelar grudada no tapete, cocô na fralda ou na calcinha, birra dentro do mercado, recusa ao comer é o de menos. Não é isso que torna ser mãe mais difícil. 

É o mundo que nos cerca. E sem querer parecer dramática demais (ascendente em câncer pulsando aqui), a gente (sociedade) ainda precisa discutir muito maternidade, paternidade, cuidado, infância, solidariedade e empatia para compreender e pôr em prática o que diz aquele provérbio africano:

“é preciso uma aldeia inteira para cuidar de uma criança”

Autora: Ana Nery, moro em São Paulo no Campo Limpo (zona sul) e sou mãe da Heloísa Odara de 3 anos. Estou em São Paulo a 4 anos tentando a vida. 

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