Mulheres-mães protagonistas da própria história

Expectativa x autoestima

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Uma das poucas orientações claras e inequívocas a respeito da maternidade é que não se deve esperar que os filhos atendam às expectativas das mães. Na verdade, o ideal é que as mães sequer criem expectativas a respeito dos filhos, para que o atendimento às mesmas não acabe sendo cobrado em algum momento.

No meio de tantas opiniões contraditórias a respeito da maternidade, a quase unanimidade a esse respeito sempre me pareceu um porto seguro. Algo que eu tinha certeza de estar agindo da melhor forma. Sendo assim, nunca esperei que minha filha realizasse meus sonhos. Ela não precisava gostar da mesma atividade física que eu, nem ter um desempenho acadêmico impecável, muito menos se destacar em nenhuma área. Bastava ela existir, exatamente do jeito dela, para ter o meu amor infinito.

Além disso, o outro único assunto em que consegui encontrar quase unanimidade a respeito da maternidade, é que a mãe deve estimular a autoestima dos filhos. Então sempre aplaudi, elogiei, motivei e encorajei minha filha a alcançar seus objetivos. Minhas frases usuais são do tipo “Vai, filha, você consegue!” ou “vamos, filha, nós conseguimos!”. Seguindo a mesma linha de pensamento, costumo dizer que somos uma família de mulheres fortes, que somos capazes de tudo o que quisermos.

Ocorre que o limite entre o incentivo e a expectativa é muito tênue. É difícil enxergar em que ponto o estímulo deixa de ser recebido como um encorajamento e passa a ser uma pressão exercida sobre a criança. Afinal, em algumas situações ela não vai conseguir alcançar seus objetivos, vai ter dificuldades. Ninguém é capaz de tudo o que quiser. Apesar da importância de valorizar as conquistas dos filhos, é necessário também deixar espaço para acolher seus fracassos.

Concluo então que a maternidade é um tema tão complexo, que as únicas quase unanimidades que encontrei sobre o assunto podem ser conflitantes. Ser mãe não é tarefa fácil. Por força do hábito, quase digo que é só para os fortes, mais uma vez excluindo a possibilidade de demonstração de fragilidade. Maternar é uma eterna busca pelo equilíbrio, inclusive o equilíbrio entre o incentivo para a construção da autoestima do filho e a necessidade de não criar expectativas a respeito disso.

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