Mulheres-mães protagonistas da própria história

Desromantização. Por uma maternidade sem culpas

Desromantização. Por uma maternidade sem culpas

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Como desromantizar a maternidade se as próprias mães acreditam que amam incondicionalmente seus fetos com 4 semanas dentro de si? Parece até radical isso, mas tenho uma novidade pra você: amor é construção! Você não ama uma pessoa a primeira vista ou porque carregou ela por 9 meses, você a ama com a convivência, criando elo, apego, afinidade… isso com uma dose se responsabilidade social. Não esqueçam das mães adotantes.

O que muitas vezes dizemos sentir é apenas consequência do que a nossa sociedade prega como amor materno. O amor na nossa sociedade é muito idealizado, quem nunca ouviu falar sobre o mito do amor romântico? Onde nós fomos induzidas a acreditar, através dos contos de fada e novelas, que existe um príncipe encantado, um homem ou a mulher “da sua vida”. Não culpo quem reproduz isso, porque o romantismo é cultural.

Dizer que você só é feliz se for mãe e encontrar o “cara da sua vida” é estar inserido nessa cultura. Não é a toa que existem relacionamentos abusivos, claro, a culpa é sempre do abusador, mas infelizmente, ainda temos em mente que “ele vai mudar”, ele é o “homem certo” só tá passando por uma fase ruim, ou nos prendemos em relacionamentos para não ficarmos sozinhas, ou como a família fala “ficar pra titia”. Ser mãe não é muito diferente.

O mito do amor #materno vem de muito tempo, talvez com o cristianismo que sempre colocou Maria num pedestal por ser mãe ou da mitologia grega com Hera, ou Iemanjá na umbanda. Temos uma gama de fatores que possam ter contribuído pelo que estamos vivendo hoje em dia. Por conta disso, estamos carregando a culpa materna nas nossas costas, a culpa sempre vem de algo que não conseguimos “cumprir” como correto. Estamos sempre baseando nossas vidas nesses contos de amor e fugindo totalmente da nossa realidade, que nem sempre, é maravilhosa, aliás nunca é.
A culpa que muitas vivem é por não conseguir cumprir aquilo que seria o “ideal”.

Como dito anteriormente, o amor é construção, o que sentimos é a romântização espelhada em nós, o que também nos leva a outros julgamentos, como “você não é boa mãe”, mas o que é ser uma boa mãe? É seguir o que a sociedade quer que sigamos como modelo materno? Aquelas que negam o ser mulher pelos seus filhos e pelo marido? Aquela que era imaculada quando grávida, hoje tem sua identidade totalmente apagada como mulher? Sim, a sua mãe é um grande exemplo disso, pense nela, pense na vida dela antes de tudo isso, faça pra si uma pergunta: Você vê sua mãe como mulher ou apenas como mãe? Se a pergunta for mãe, você vai ter compreendido o que quis passar nesse texto.

Construa sua #maternidade aos poucos, crie vínculos, não se culpe por não ter aquele amor todo que os comerciais de margarina pregam, e se você tem julgue outras mulheres. Uma coisa eu aprendi com a minha maternidade: o amor não é igual. Eu amo meu filho, amo muito, mas ele foi construído, não é imaculado, não é romantizado, é companheirismo, amizade, cuidado, zelo, isso sim é amor.

Olhe para sua mãe como mulher, a trate como uma, ela não e responsável apenas pelas suas roupas, marmitas e pela casa, ela é um ser singular que tem defeitos e que passou por muitas coisas pra te criar nessa sociedade que exigia dela o “modelo de mulher ideal”. Talvez ela não tenha te amado a primeira vez que te viu, é normal. Quando conhecemos alguém a afinidade vem depois, e ela não é um monstro por causa disso.

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