Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | “Por que será que as pessoas se assustam quando veem um PDC levando uma vida normal?”

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Sábado eu estava meio pensativa e queria fazer algo. Ótimo. Peguei minha bengala nova e segui com o meu garotão rumo ao parquinho. Foi lindo ouvir a descrição dele “mãe, agora a gente vai passar na calçada que tem muito mato e depois a gente chega no portão do parque, que é marrom.”

Eu não tinha perguntado nada a ele e nem sabia que ele tinha noção do caminho que percorreríamos, já que tem 3 meses que moramos ali, e eu não fui muito com ele pra aquele lado, mas conseguimos chegar ao nosso destino. Alguns garotos jogavam uma partida de futebol na quadra enquanto JL desfrutava dos poucos brinquedos que estavam a sua disposição tais como: balanço, gangorra e gira-gira.

Ele sempre me fala quando vai trocar de brinquedo e sempre coloca minha mão em alguma coisa que esteja próxima de onde ele está como por exemplo: colocou a minha mão no ferro que segura o balanço, enquanto ele rodava no gira-gira. Por fim, ficamos sentados descansando da bagunça e um dos garotos começou a comentar que eu tinha ido com ele sozinha até o parque, que ele nunca tinha visto algo do tipo.

Porque será que as pessoas se assustam quando veem um PCD levando uma vida normal? Porque, infelizmente, muitas famílias não deixam o deficiente viver, vivem colocando barreiras no caminho para que ele não saia, não se socialize, não seja visto pela sociedade.

Graças a Deus lá em casa nós quebramos essas barreiras a medida que vamos nos infiltrando e vamos mostrando a todos que podemos sim ter uma vida como qualquer outra pessoa tem, porque ninguém pode afirmar que não tem nenhuma dificuldade, não é? E com tudo, vamos apresentando ao JL o mundo em que estamos inseridos e ele vai lidando com as falas alheias e aprendendo a filtrar as coisas. O que for bom ele pode guardar, o que não servir, joga fora. Mas, pelo menos, ele nunca vai poder dizer que a minha cegueira o aprisionou, porque nós lidamos com ela de uma forma light, não deixando que ela domine a nossa vida, mas sim que ela seja parte da nossa receita diária para conquistarmos o que desejamos. Não da pra fingir que ela não existe, mas não da pra fazer dela meu murinho de lamentações.

Depois que os garotões desocuparam a quadra fomos jogar um futebol e ele ganhou de 2 a 1. Depois jogamos basquete, fiz 3 sextas e ele só fez 1. Com tudo, chegamos a um saldo bem positivo.

Brincamos, passeamos e voltamos pra casa bem cansados, mas animados. Segunda-feira começam as minhas férias e vamos curtir todas, tanto neste parquinho quanto em outros!

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