Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Histórias, percepções e caminhos para humanizar

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Histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias têm sido usadas para expropriar e ressaltar o mal. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida.”

Chimamanda Ngozi Adichie

O perigo de uma história única” é um breve livro publicado a partir da adaptação da palestra de Chimamanda Ngozi Adichie, em 2009, no TED Talk. (clique aqui para assistir à palestra). A edição do exemplar citado neste texto é da Companhia das Letras (2019).

Neste livro, a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie aborda a necessidade de ofertarmos diferentes histórias para crianças a fim de que possamos evitar a construção de estereótipos sobre pessoas que têm realidades distintas das nossas. Como mãe e professora, foi fundamental que eu lesse esta produção da autora.

A seleção de livros que faço, a partir de pesquisa de alguns autores e autoras, sugestões de especialistas e outras mães, tem sempre a reflexão que Chimamanda propõe, a qual usei como epígrafe aqui. E ela me acompanha não só na escolha de livros para minha filha de cinco anos, mas também para as minhas. Como pessoa estou sempre em formação e para que possamos humanizar é preciso que sejamos humanizados. As diferentes histórias de pessoas diversas contribuem para isso.

Outro dia, estava lendo “A alma secreta dos passarinhos”, um livro de Paulo Venturelli e Elisabeth Teixeira, publicado pela editora Olho de vidro, para minha filha e, de repente, ela ficou em silêncio com o olhar distante. Eu perguntei o que havia acontecido, ela respondeu que estava lembrando de um desenho animado em que o personagem sentia saudade de outro e ficava lembrando de momentos em que estavam juntos.

Achei linda a conexão: no livro que lia, um menino segurava um pássaro e, comovido pelas batidas do coração da ave que estava assustada, a libertou, mesmo encantado com a presença do passarinho. Talvez ela esteja aprendendo sobre saudade, ausência e liberdade. Tenho muitas dúvidas sobre várias coisas, mas a certeza que tenho é de que esses momentos são de um delicioso aprender, ainda mais quando se aprende observando alguém construindo saberes.

Aprendi que é preciso ler, dialogar e, sobretudo, escutar nossas crianças. Elas gostam de serem ouvidas, porque também gostamos. Que não nos esqueçamos de que somos humanos, e é sempre gentil humanizarmos. As diferentes histórias oferecem a construção de conceitos para além de estereótipos e do senso comum, crianças pensam sobre as histórias que ouvem, assistem, leem.

Por que não escolhermos com carinho cada uma das que vamos apresentar para que nossa criança tenha a oportunidade de saber que há histórias diferentes e que nos permitem pensar sobre como somos humanos e repletos de sentimentos? Que saibamos reconhecer esse universo da leitura com a curiosidade infantil e uma vontade grande de seguirmos mesmo com as dificuldades que surgem pelos nossos caminhos.

Afinal, boas histórias fazem a diferença.

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