Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Desacelerar é preciso

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Eu sempre gostei muito de trabalhar. Como jornalista, participei de fechamentos exaustivos de reportagens, coberturas jornalísticas ao vivo na TV e madrugadas regadas a muito café e trabalho. Mas algo mudou dentro de mim depois que virei mãe. Meu estilo de vida não combinava mais com a maternidade desacelerada que eu sonhava ter. Então, aconteceu meu momento de ruptura: decidi dar uma pausa.

No começo, o plano era que meu período sabático, que dei o nome de “Sabático de Mãe”, durasse uns dois anos. Era o tempo para eu descansar um pouco e curtir os primeiros anos de vida dos meus dois pequenos. Passei a dividir as minhas descobertas de mãe sem pressa num blog “O Sabático de Mãe”. Hoje, exatos três anos depois, estou num novo processo. Durante o sabático, percebi a importância da rotina com mais calma pra mim. Mudei toda a minha vida e estou numa transição de carreira desde o ano passado.

Tenho participado de cursos, faço pesquisas e estudo. Minha  busca é por um modo de viver mais sustentável. E uma maternidade menos acelerada e mais presente. Meu sonho é que outras mães consigam fazer pequenas mudanças no dia-a-dia que reflitam em mais qualidade de vida com os filhos e com elas mesmas. 

A gente normaliza o discurso da correria, da falta de tempo conosco e com os outros. Como se isso fosse normal. Mas não é. Na contramão frenética dos grandes centros urbanos tem surgido um movimento mundial: o slow living. É um estilo de vida e também uma filosofia que sugere uma rotina e um trabalho inspirados em valores simples. Menos consumismo e mais reaproveitamento. Menos pressa e mais tempo focado no que importa. Mas como colocar o slow living em prática no universo materno, sem precisar virar hippie ou jogar tudo para o alto? Eu já tenho algumas pistas.

  1. Cozinhar mais em casa: trocar os industrializados pela feira. E compartilhar as refeições com quem se ama pelo menos uma vez ao dia. 
  2. Diminuir o uso de redes sociais: se conectar com as pessoas de uma maneira menos tecnológica. Visitar aquela amiga querida para um café, ao invés de perder tempo nos grupos do Whatsapp. 
  3. Incentivar as crianças a deixar os eletrônicos: que tal ler, desenhar ou brincar ao ar livre de vez em quando? 
  4. Ficar mais em casa, mas também aproveitar os espaços públicos, como os parques e os SESCs. Tudo de graça e sem despesa!
  5.  Estimular as produções locais: que tal reformar uma roupa com aquela costureira talentosa do bairro ao invés de comprar uma peça nova no shopping?  E na hora de decorar a casa ou presentear alguém, que tal investir numa peça da artesã que você conheceu na feirinha de artes? Ah, e sempre que possível, trocar os grandes magazines pelo trabalho de mães empreendedoras. 

Hoje, trabalho de casa. Ainda ganho pouco. Trabalhar de freelancer é sim um perrengue. Mas também consumo menos do que antes. Não preciso de roupas novas, sapatos e maquiagens porque estou em casa. Só uso cosméticos naturais e, mesmo assim, pouca coisa. A comida é feita por mim. Trabalho menos e melhor!  Uma pessoa passa pelos menos oito horas por dia no escritório.

Por experiência própria, sei que ninguém produz durante todas essas horas. Tem a pausa do almoço, o cafezinho, a conversa, a fofoca, a dispersão… Então, que tal focar em menos horas de trabalho, mas que sejam mais produtivas? Esse é um modelo que já está sendo discutido por aqui e também em empresas no exterior.   

A maternidade trouxe para mim um desejo enorme por qualidade de vida. Quero viver bem para curtir os meus filhos. Porque sei que o AGORA é meu momento mais importante. 

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2 respostas

  1. Nossa. Me identifiquei tanto. Vai fazer 9 meses que escolhi sair do trabalho, pq me sentia um zumbi e não conseguia mais me conectar com minha filha, de 9 anos. Eu também gosto muito de trabalhar e demorei pra criar uma rotina… também tenho pensado em transições, de carreira também, pq apesar de me sentir mais util e humana com a minha filha, cuidando da minha casa, eu adoro criar, desenvolver, entregar. Confortou o coração esse texto ♡.

    1. Querida, fico muito feliz que tenha lhe tocado de alguma maneira! espero que você encontre o seu caminho nessa transição. Não é fácil, o começo pode ser confuso, mas vale a pena tentar! Um beijo grande

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