Mulheres-mães protagonistas da própria história

Algumas considerações sobre amamentação

Algumas considerações sobre amamentação

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Mamíferos naturalmente após o nascimento de seus filhotes produzem leite pra nutrir a cria.

Como mamíferos que somos, não poderia ser diferente conosco.

Algumas mães produzem o colostro (leite inicial que é produzido nos primeiros dias de vida do bebê) ainda na gravidez e outras logo após o parto.

Talvez você já tenha ouvido alguém falar para uma grávida “olha, toma sol no bico no seio”, “passa aquela esponja grossa no bico do seio durante o banho pra engrossar o bico e não rachar”, “passa essa pomada todo dia na auréola”.

Na minha gravidez, perguntei a uma médica qual seria a melhor preparação pra amamentação (porque todo mundo me dizia que era SUPER difícil) e ela falou: informação.

Sim! Informação foi realmente a melhor preparação que puder fazer pra amamentar (e pro parto também e pra introdução alimentar e tantos outros assuntos).

Li muito sobre amamentação e todas as dificuldades que poderia enfrentar. Esse tema tem muito assunto pra falar. Vou começar dividindo com vocês a minha experiência.

Logo após o parto, Henrique mamou. Eu já tinha colostro. As parteiras me auxiliaram na pega (pega – leia-se “péga” – é como chamamos a posição da boca do bebê quando ele abocanha o seio pra sugar o leite) e as coisas foram fluindo.

No início da amamentação dói muito o seio. Primeiro porque o útero contrai (eu senti cólicas), depois porque a sucção do bebê pode causar fissuras no seio e também por simplesmente ser uma parte sensível e no início causa desconforto, estranheza e até dor.

Meu seio não rachou nem sangrou, só ficou com uma casquinha no bico por uns 10/15 dias e depois passou. Não usei nenhum bico de silicone nem concha para os seios. Nunca esfreguei nada no bico do seio nem usei pomadas. Só tomava sol durante a gestação.

Lembro da minha mãe dizendo que no início iria doer, mas depois era “a coisa que ela mais gostava de fazer”.

E foi realmente isso.

Doeu muito no começo, mas depois era simplesmente delicioso amamentar. É um momento muito introspectivo. De conexão. Lembro das vezes em que ele tão bebezico buscava meus olhos enquanto mamava e como era delicioso vê-lo cair no sono depois de mamar.

Segui na livre demanda, ou seja, dava o peito tantas vezes quantas o Henrique quisesse e amamentação exclusiva até os 6 meses.

Ouvia muito que ele poderia beber água e chá após o terceiro mês, mas a verdade é que a Organização Mundial da Saúde e tantos outros órgãos recomendam a amamentação exclusiva até os 6 meses do bebê e só então, depois iniciar a introdução de alimentos e qualquer, outra bebida.

Me perguntavam se “ele mamava a cada 2 ou 3 horas”, mas eu nunca sabia responder essa pergunta. Eu dizia “ele mama quando quer e quanto quer”. E seguia a conversa “mas quanto tempo dura uma mamada”. Outra pergunta que eu não sabia responder. Eu nunca contei o tempo da mamada.

O tempo é inimigo da amamentação. E a livre demanda é a melhor amiga.

Desde quando alguém te convida pra jantar e diz “olha, mas você tem que comer em até 40 minutos, ok?”. Não.

O bebê mama quando e quanto ele quiser. Essa é a recomendação da OMS. E sabe o motivo?

O motivo é que o leite materno contém todas as proteínas, açúcares, gordura, vitaminas, água, anticorpos, glóbulos brancos que o bebê necessita pra ser saudável, se desenvolver e crescer adequadamente.

Se você quiser mais um montão de motivos, dá uma olhada nesse link aqui

Você já deve ter ouvido também alguém falar “ah ele não engordou porque eu não tive leite suficiente e/ou meu leite é fraco”.

Gente, não existe leite fraco!

Aliás esse é só um dos diversos mitos da amamentação. “Não tenho bico pra amamentar”, “Colostro não alimenta” são alguns exemplos. Dá uma olhada nesse link aqui

São raríssimos os casos em que uma mulher não consegue ter leite suficiente. Na grande maioria das vezes o que falta é apoio, informação e técnica. E, mesmo assim, ainda existe a possibilidade desta mãe buscar ajuda em Bancos de Leite.

E a maioria dos médicos simplesmente não entendem nada de amamentação. Não conhecem as técnicas e acabam desencorajando o aleitamento materno.

“Mas eu amamentei meu filho e ele teve pouco ganho de peso. Daí o pediatra mandou entrar com a fórmula”.

Muitas vezes o pediatra simplesmente não sabe o que fazer e o que ele aprendeu é dar fórmula pra substituir ou complementar o leite materno.
Acontece que muitas vezes o ganho de peso está dentro da curva de crescimento e ok. Explico.

Seu bebê engordou 800g de um mês pro outro. Você pode achar pouco. O pediatra pode achar pouco. Mas o parâmetro é sempre a curva de crescimento. Se ele está dentro da curva, ok. Não tem essa de “ganhou pouco peso”. Se estiver fora da curva, aí sim é caso de se aprofundar na causa do problema.

Outro ponto é que talvez aquele bebê não está com a pega correta. A mãe pode estar abalada, sem apoio, encorajamento, enfim, uma série de fatores. Nesse caso o melhor seria uma consultora de amamentação.

É óbvio que existem casos e casos. Há mães que realmente precisam utilizar a fórmula e isso é muito importante, para ambos. Há também mães que não querem amamentar e optam pela fórmula e ok. Tudo há de ser respeitado.

O que as vezes me entristece são mães que não possuem todas as informações sobre a amamentação e seguem dizendo que “não teve outro jeito”. Muitas vezes tem jeito sim.

Já ouvi também muitos relatos de mães que ofereceram mamadeiras e chupetas para o recém nascido e este teve dificuldades depois em acertar a pega no seio da mãe e acabam desmamando cedo demais. Isso porque por mais que a mamadeira tente copiar o bico do seio, nunca será a mesma coisa.

Mas também já ouvi muitas mães que deram mamadeiras e chupetas para seus bebês que continuaram mamando tranquilamente.

Então acho que é uma questão de informação e decisão. Simples assim.

Quando Henrique tinha por volta de 5 meses, numa sexta-feira meu leite empedrou. Quanta dor. Eu chorei o dia inteirinho. Tive que massagear o seio (de uma forma bem forte e intensa) pra desempedrar e ainda bem que ele mamou tudo pra esvaziar.

Nunca tive mastite, mas amigas que tiveram relataram a imensa dor que foi. Neste caso a consultora de amamentação é realmente a pessoa mais indicada pra auxiliar e, se o caso, encaminhar a algum médico. Mas no caso de mastite, se procurar ajuda bem no início a recuperação é bem mais tranquila.

Amamentar é um ato de muito amor, entrega, cuidado e vínculo. É desafiador, claro, mas faz a gente se conectar de uma forma muito singular com o bebê.

Feliz lua de leite.

Se quiser saber mais sobre amamentação eu super indico o site Mães de Peito da jornalista Giovana Balogh. Clica aqui pra ir pra página!!! Lá tem muita informação e matérias maravilhosas.

Por: Fernanda Misumi

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