Mulheres-mães protagonistas da própria história

A solidão da mãe de criança neuroatípica

A solidão da mãe de criança neuroatípica

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Quero começar meu texto com esse trecho:

“Olha…Se estamos nessa sozinha não é nem de longe só por falta de paiSó tamo fazendo tudo por conta não é porque viramos DOIS, é porque somos uma, extremamente sobrecarregada. A gente precisa começar a falar de parentalidade e infância com responsabilidade social e olha: pra chegar num lugar melhor, o melhor não é usar as mães como tapume pra  pai correr. Deixa doer, que dói menos”. #nãovaiterguerreira

@a_maesolo

Eu, Lara, admiro muito quem reconhece meu esforço e faz questão de me dizer isso, vocês me dão força. Mas sabem quem eu sou? Sou uma mulher forte! Forte e corajosa. Cuido de uma vida, de uma criança neuroatípica, eu, sendo uma mãe com diversos transtornos também, isso bem antes da maternidade.

Depressão não escolhe idade, sexo, cor, classe social, pastor, padre e diversos outros quesitos. Depressão é uma doença. Tenho pessoas que seguram minha mão, outras soltaram faz tempo, mas faz parte, a depressão te condena a muita coisa e eu me considero uma mulher extremamente forte por ter sobrevivido aos meus piores dias, mesmo sabendo que outros virão, mas continuo acreditando em minha força.

A depressão de uma mãe se torna invisível porque a criança não tem culpa e não merece, exato, não merece, e quem merece? Que lugar foi esse onde disseram que ter depressão é uma escolha? Quero ir lá negociar… Meu filho escolheu ter autismo? Eu escolhi? Não!

A mãe que cuida também precisa ser cuidada e, muitas vezes, a gente só precisa de um abraço e de um ombro pra chorar. A solidão da mãe solo é cruel, a solidão da mãe de criança neuroatípica é cruel. 

Existe uma frase do autor Luiz Fernando Vianna, pai de um garoto autista onde em seu livro ele conta sua história, nessa frase diz assim:

“Se eu queria ter um filho autista? Não. O que a convivência com ele me proporciona mais: prazer ou angústia? Angústia. Ainda assim, amo meu filho? Mais do que qualquer palavra pode traduzir”. 

Por isso, Anthony, você sabe que te amo e que a gente aprende sempre um com o outro. Eu falho todos os dias e aprendemos com nossos erros também, sua mãe precisa de paciência e compreensão, assim como você.

Te amo e perdão. De sua mãe, Lara.

Autora: Me chamo Lara, tenho 26 anos e meu filho Anthony de 6 anos, tem autismo. Decidi lutar e falar sobre o autismo enquanto eu tiver voz e espaço, nunca vou desistir.

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