Mulheres-mães protagonistas da própria história

A amamentação pode ser solitária e dolorosa

A amamentação pode ser solitária e dolorosa

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Por muito tempo tive raiva da lata de leite. Por mais de 1 ano me culpei por não ter conseguido alimentar minha filha com meu leite, mesmo tendo tanto. Por muito tempo também, me culpei por ter tomado um comprimido para secá-lo.

Sempre mantive o sentimento de que deveria e poderia ter tentado mais, mesmo que isso significasse morrer por dentro imersa em uma depressão.

Por mais de 1 ano também, me senti rejeitada, não me senti mãe mas uma cuidadora. Se Helena rejeitou o meu peito, ela tinha me rejeitado. Não estou mentindo quando digo que, em alguns momentos, cheguei a sentir um pouco de raiva dela por não ter mamado, por não ter aceitado o que eu tinha para oferecer. Não foi falta de informação, não foi falta de investimento.

Me incomodava ver alguém dando a mamadeira para ela, já não bastava não ter dado o meu seio, eu ainda tinha que dividir esse momento também? Era nosso! Em um momento de desespero quando ela tinha uns 6 ou 7 meses de vida, eu tentei dar um peito que ela não conhecia para acalmá-la e chorei, me envergonhei. Ninguém sabia disso, até hoje.

Eu me senti sozinha. Todas amamentavam, talvez aquele “só não consegue quem não quer” fosse verdade no final. O “não tentou o suficiente” ecoou em meu ouvidos sem parar e ainda sinto um pouco da sensação que senti ao ouvir.

Eu lembro do copinho, eu lembro da sonda no dedo para não deixar de estimular a sucção. Eu lembro do barulho que o leite fazia quando caía no estômago.

Por mais de 2 anos, ver mães amamentando me fez mal. No meu primeiro dia de estágio como doula, conheci justamente uma mãe recém-nascida que não estava conseguindo amamentar. A primeira lágrima que ela derramou molhou o meu rosto.

Me reconheci, ocupei aquele lugar, mas contrário ao meu momento, consegui dizer a ela que ia passar, que ela ia conseguir e que estava tudo bem. Eles levariam o tempo que fosse necessário, tudo o que ela precisava fazer era confiar, nela mesma.

A experiência ajudou a moldar quem sou hoje e sou muitíssimo grata por isso. O vínculo segue sendo reforçado todos os dias, a troca de olhares foi e é realizada com sucesso.

Somos uma dupla incrível e é isso que importa.


Autora: Olá! Me chamo Stefânia Acioli, sou doula de pós-parto, estudante de psicologia, autora do Te Vejo Mãe (@tevejomae) no Instagram e mãe da Helena.

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