Mulheres-mães protagonistas da própria história

Eu escolhi ser uma mãe que não existe – Por: Aline de Campos

Eu escolhi ser uma mãe que não existe – Por: Aline de Campos

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Desromantização” da maternidade tem sido um tema muito discutido ultimamente e eu cheguei numa fase da vida na qual tenho pensado muito sobre isso.

Na minha concepção, uma mulher em nossa sociedade atual, em sua grande maioria, não tem estrutura para procriar. Pensemos. Uma sociedade falida, onde a violência, o preconceito e mais “n” fatores nos assola, não está apta para receber novas vidas.

Uma mulher que luta diariamente por sua sobrevivência — que muitas vezes apenas sobrevive, não vive — também não está apta para se responsabilizar por novas vidas.

Ter filhos não é apenas um ato de amor, é um ato de coragem.

Acredito que uma nova vida é mais uma chance que Deus dá do ser humano ser melhor. Criar um filho é um dever de fazê-lo ser melhor que nós mesmos. Mas, como concluir esta tarefa com sucesso mediante a nossa atual crise social e existencial?

Nunca pensei em ter filhos. Pelos motivos citados e por muitos outros. Só que a gente falha como ser humano enquanto segue aprendendo. Falhei muito na vida. E hoje, busco não falhar como mãe.

Filhos não pedem para nascer. E a família, seja hétero, homo ou sei lá mais o quê que tentam classificar, é a responsável por quem entregaremos ao mundo. Meu filho é livre para escolher, mas eu sou a responsável por oferecer uma base forte para que ele escolha ser sempre uma pessoa melhor.

A maternidade não tem nada de romântica.

Há sete anos o meu nigga, o meu Arthur me deu uma nova chance. Ele foi o responsável por me fazer ser melhor, por tirar os sonhos da gaveta, por me fazer acordar pra muitas coisas, por ser o que sou hoje.

O mínimo que posso fazer é retribuir. A maternidade tem disso, de reestruturar tudo e você escolhe evoluir, regredir ou apenas estagnar.

Hoje, completando sete anos, de toda uma trajetória árdua e feliz — sim, feliz. Não acredito em felicidade mas em momentos felizes. Muitos desses momentos tive com ele — , peço calmaria para minhas aflições, aflições de medo, medo de falhar, apreensão de saber que tipo de ser adulto irá se tornar.

Peço que você seja um adulto com a mente como a minha, mas que não tenha que passar por tudo o que passei para chegar até aqui. Se isso acontecer, minha missão estará cumprida.

 

Autora

Jornalista e escritora especializada na temática racial, mulheres e comportamento.

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