Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Estamos sobrecarregadas demais para termos energia de brigar por espaço dentro de um movimento separatista

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O movimento feminista tem sido questionado por muitas mulheres que resolveram entregar suas “carteirinhas de feministas” ao perguntar o porquê de suas pautas não serem levantadas enquanto apoia as pautas clássicas das demais.

Na prática: vimos e vemos mulheres negras com pé na porta e voadora no peito pedindo seu espaço no feminismo tendo que provar por A+B que suas lutas não são as mesmas, embora a condição de gênero perpassa por todas.

Temos visto a passos bem lentos as mulheres trans ganhando seu espaço (de direito) no movimento feminista enquanto cá estamos sem tempo para brigar pelo nosso espaço por estar cuidando do trampo, casa e crias. Parece ser mais fácil uma feminista liberal compor o movimento do que mulheres sobreviventes do dia-a-dia: negras, indígenas, trans, mães.

A luta das mulheres sempre foi branca e burguesa, um comercial de absorvente íntimo em que mostra os “ou” que as mulheres podem ser, colocam mulheres no lugar de mães OU militantes políticas. Um comercial ovacionado por diversas mulheres que levantam a bandeira da equidade de gênero. Duas cenas de segundos mas que mostra um movimento feminista sem movimento, sem escuta e sem acolhimento.

Resiliência (palavra do momento) para muitas de nós não é escolha. A luta é botar comida na mesa num país que só cresce as mulheres ‘chefes’ de família. Só que não estamos nas ilustrações empáticas, não estamos nas músicas, mas nos querem lá quando defendemos a discriminação do aborto. Nos querem lá de forma vergonhosa como amostras de que é possível ser feminista, defender a discriminação e ser mãe, se tiver grávida então, altas fotos pelas redes…

Quando queremos ascender nesse sistema, temos que chamar uma outra mulher para ficar com nosso filho a preço de miséria para podermos estudar que põe em cheque toda nossa ideologia. Estamos sobrecarregadas demais para termos energia de brigar por espaço dentro de um movimento separatista.

Toda roda de conversa materna se não começa sobre o tema sempre acaba em solidão materna. Porque ser mulher e mãe é solitário. Ser mulher e mãe solo é assombroso.

Referência.

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