Mulheres-mães protagonistas da própria história

A imposição da sociedade a uma criança que tem pais com deficiência

A imposição da sociedade a uma criança que tem pais com deficiência

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Quando eu saio com meu filho na rua sempre ouço coisas e coisas porque (tem gente que pensa que cego é surdo), e eles acreditam piamente na ideia de que meu filho nasceu exclusivamente para cuidar de mim e do pai, por conta da deficiência que temos.

Eles se esquecem de que meu pequeno é criança e tem o dever de aproveitar sua infância como qualquer outra da sua idade! Não é porque somos PCD (Pessoas com deficiência), que ele precisa deixar de viver a sua vida para ser nossos olhos em tempo integral.

Uma ajuda aqui, outra ali, ok. Mas viver em função de outras pessoas, eu não acho justo. Então, se vamos ao shopping, comemos um pouco e passamos a tarde inteira com ele no play ground, ele brinca com outras crianças, se diverte, nós observamos sua inteiração, e, quando o local está vazio, até brincamos com ele nos brinquedos em que conseguimos entrar como por exemplo: piscina de bolinhas.

Na festa da família, da escola em que ele frequenta, conversamos bastante, vimos os trabalhos feitos pelas crianças durante o ano letivo e, posteriormente, elas foram liberadas para brincarem no parquinho. E quando meu pequeno alegou que iria até o local, os cochichos vieram: “ah, mas ele vai deixar a mãe sozinha?”. Dai, digo: Eu não incapaz por ser cega.

Sim, preciso de algum tipo de ajuda em alguma situação específica, mas não tive filho para ser minha escora. Tive filho pelo fato de querer cuidar de alguém, de querer ter alguém para quem eu entregaria tudo de bom e lindo que mora dentro do meu coração.

Nunca vou fazer do meu filho minha bengala de calças. Ele terá sua vida e seguirá seus sonhos. Se quiser estudar fora, irá. Se quiser ser jogador de futebol, será. Se decidir se casar, assim será…. E eu o apoiarei em todas as decisões que tomar. Se decidir continuar morando conosco, assim será. O meu objetivo é que ele seja feliz e que a cegueira nunca seja um obstáculo em seu caminho. Precisamos lidar bem com ela e não trata-la como um monstro ameaçador, porque ela não é. Não passa de uma limitação física, que pode se adaptar ao meu dia-a-dia, com recursos simples: Usando uma bengala, ativando a acessibilidade de um smartphone, computador, caixa eletrônico, usando o tato, olfato, audição e contando com a solidariedade alheia, chegaremos longe, sem que a cegueira nos sufoque!

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Uma resposta

  1. Sempre tive e tenho,Orgulho e Admiração pela Ana Carolina.
    Desde pequena,percebo nela garra e determinação pela vida.
    Nunca se deixou intimidar,pelo fato de ser DV(deficiente visual).
    Quando criança estudava em duas escolas simultaneamente (escola regular e a escola Helen Keller,para deficientes visuais).
    Depois, foi crescendo e estudando em outras escolas.
    O tempo foi passando,Ana foi crescendo e com sua garra,foi humildemente,conquistando seu espaço.
    Sempre acompanhei Ana Carolina em sua luta,as vezes de perto outras de longe.

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